Título: Irregularidades no caminho dos candidatos
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 28/09/2005, País, p. A5

Candidato à presidência da Câmara, o corregedor da Casa, Ciro Nogueira (PP-PI), está sendo indiciado no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes contra a ordem tributária e contra a administração pública. Ele não é o único candidato à presidência da Casa envolvido às voltas com problemas no Judiciário.

Afilhado político do ex-presidente da Casa Severino Cavalcanti - que renunciou ao mandato após ser acusado de corrupção -, Nogueira é acusado de apropriação indébita de R$ 15 mil da Previdência. Ele era presidente do River Atlético Clube, do Piauí, quando o dinheiro deixou de ser repassado ao governo federal. Quando Ciro foi eleito deputado, o inquérito subiu para o STF.

Na investigação de crime contra a administração pública, Ciro é indiciado por prevaricação. O inquérito apurou ocupação irregular de imóveis funcionais da Câmara. De acordo com investigação da Procuradoria da República, alguns apartamentos eram ocupados por ex-parlamentares e outros serviam de hospedagem a amigos de deputados. Em março, Ciro teve seus bens bloqueados pela Justiça, mas conseguiu reverter a decisão, através de liminar.

- O deputado Ciro Nogueira quedou-se omisso, deixando de praticar, indevidamente, os atos de sua competência necessários à efetiva retomada dos imóveis - afirmou em janeiro o então procurador-geral da República Cláudio Fonteles.

Informado sobre os dois inquéritos no STF, o deputado disse não acreditar que possam prejudicar sua candidatura e afirmou que os débitos do River foram quitados na Previdência.

Outro candidato possui registro no STF. Em nome do deputado Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP) consta uma petição em que ele responde por improbidade administrativa, na época que era governador de São Paulo. Fleury Filho afirmou que a ação de improbidade administrativa se refere ao aluguel de um teatro em São Paulo. O MP contestou a iniciativa do Estado em escolher o teatro sem licitação. Foi no governo de Fleury, em 1992, que a PM matou 111 presos no Carandiru.

O também candidato à presidência da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), doou um terreno de 462 hectares para a Prefeitura Municipal de Alto Paraíso (GO) em 2003 depois de ser alvo de uma investigação por grilagem de terras. Na época, Temer alegou que a doação era ''para que as terras possam ter utilidade pública''. O processo foi arquivado.

- Ele comprou de outra pessoa. A propriedade era questionada pelo MP. Diante disso, ele fez a doação - declarou um assessor de Temer.