Título: Palocci acusado de caixa 2
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Fonte: Jornal do Brasil, 28/09/2005, País, p. A7

O ex-gerente financeiro da gráfica Villimpress Luciano Maglia confirmou ontem à CPI dos Bingos a acusação, feita no fim de agosto ao Ministério Público de São Paulo, de que houve caixa dois na campanha do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a prefeito de Ribeirão Preto (SP) em 2000.

Esse mesmo esquema, envolvendo até compra de dólares, teria sido usado na campanha presidencial de 2002 também em Ribeirão Preto, afirmou Maglia. O Ministério da Fazenda informou que Palocci não comentaria as acusações.

A CPI decide hoje se convoca o ministro e o irmão dele Adhemar Palocci para depor. A convocação de Adhemar foi pedida por outra acusação de caixa dois, mas na campanha municipal em Goiânia (GO). Ele nega.

Os senadores da CPI investigam ainda acusações feitas pelo advogado Rogério Buratti, que era secretário de Governo de Palocci em 1993 e 1994, no primeiro mandato dele como prefeito. Buratti diz que o ministro recebia R$ 50 mil por mês da empresa Leão Leão, da área de coleta de lixo, em 2001 e 2002, quando estava na segundo mandato de prefeito.

As acusações de Maglia e Buratti combinam em um ponto: o envolvimento da empresa Leão Leão. Segundo Maglia, despesas com material publicitário eram pagas pela Leão Leão ''por fora'' em valores maiores que os gastos na campanha. Segundo ele, em 2002, a empresa teria desembolsado R$ 900 mil para a gráfica Villempress, das quais apenas R$ 300 mil teriam emissão de nota fiscal.

Maglia diz ter presenciado um encontro dentro da gráfica entre Juscelino Dourado, chefe-de-gabinete de Palocci até agosto deste ano, e Donizeti Rosa, ex-secretário de Governo da prefeitura em 2001 e 2002.

- Eles orientavam para comprar dólares com a verba do esquema. Acredito que o dinheiro tenha voltado ao PT - afirmou o ex-gerente.

Desde maio deste ano, Rosa é diretor-superintendente do Serviço Federal de Processamentos de Dados (Serpro), órgão subordinado ao Ministério da Fazenda de Palocci.

Rosa também depôs na comissão de inquérito e negou as acusações.

- Essa conversa com Juscelino não existiu - disse o diretor. (F.P.)