Título: Ataques mútuos
Autor: Fernando Exman
Fonte: Jornal do Brasil, 02/10/2005, País, p. A3

Na CPI dos Correios, os governistas têm como meta investigar a utilização do valerioduto pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), em 1998, quando o parlamentar concorria ao governo de seu estado. Azeredo não foi incluído no relatório parcial feito pelos relatores das CPIs dos Correios e do Mensalão, respectivamente os deputados Osmar Serraglio (PMDB-PR) e Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG).

Já a oposição tem, na CPI dos Correios, diversos caminhos a percorrer. Um deles é a ligação entre Telemar e Brasil Telecom com a empresa Gamecorp, que tem Fábio Luis Lula da Silva, filho do presidente Lula, como um dos sócios. Suspeita-se que as empresas o procuraram para se aproximar do presidente e do governo a fim de obter benefícios.

As investigações da CPI dos Correios deverão também se aprofundar nas aplicações dos fundos de pensão, cujas aplicações são suspeitas de terem sido influenciadas pelo ex-ministro da Secretaria de Comunicação e atual chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República Luiz Gushiken.

O relator da CPI do Mensalão, Abi-Ackel, afirmou que, nos próximos dias, a comissão buscará documentos emitidos pelos bancos Rural e BMG a Valério, ou deste para o PT, que comprovem a tese de que era empréstimo o repasse de recursos ao partido.

Abi-Ackel disse que nesta comissão não há um clima de disputa política, diferentemente do que ocorre nas duas outras CPIs:

- Não houve estrelismo dos integrantes da comissão. A CPI não se deixará levar pela exaltação partidária - lembrou o deputado.

No entanto, essa situação pode mudar. Em breve, a comissão começará a deliberar sobre os requerimentos relacionados às denúncias de compra de votos pelo governo Fernando Henrique para aprovar a emenda que permitiu a reeleição.

Na avaliação da senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA), a estratégia da oposição, de ''atirar para todos os lados'', tem como objetivo obter um palanque eleitoral, e não aprofundar as investigações.

- Não vamos permitir que as CPIs tenham como objetivo condenar antecipadamente as pessoas - disse.