Correio Braziliense, n. 21691, 06/08/2022. Política, p. 2

Duplas formadas para a corrida presidencial

Victor Correia


Os partidos que disputam o Palácio do Planalto deixaram para consolidar as chapas da disputa presidencial no último dia do prazo para realização das convenções. Ontem, Ciro Gomes (PDT) anunciou a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, como sua vice, e a senadora Soraya Thronicke (União Brasil) apresentou o ex-secretário da Receita Federal Marcos Cintra como companheiro de disputa.

“Estou muito tranquila que a minha escolha não é apenas por eu ser mulher, ou uma mulher negra, mas por ser a mulher que eu sou”, disse Ana Paula Matos, depois do anúncio de sua candidatura.

O PDT repete o cenário de 2018 ao lançar uma chapa puro-sangue. À época, sua vice foi a senadora Kátia Abreu (PP-TO), que estava na legenda. A escolha de uma correligionária reflete a dificuldade que Ciro enfrenta para forçar alianças. O PDT não conseguiu formar acordos nacionais — tentou com o PSB e com o União Brasil, mas não foi adiante.

“Estou com um olho na campanha eleitoral e outro no governo. Sou muito responsável, estou me preparando para governar o Brasil. Sei que é uma imensa travessia, difícil, tortuosa. Mas a minha psicologia é de me preparar para assumir a responsabilidade de governar o Brasil”, afirmou Ciro.

A expectativa do PDT é de que a proximidade de Ana Paula com o ex-prefeito de Salvador ACM Neto — que concorre ao governo baiano — possa dar palanque a Ciro na Bahia. Sem alianças nacionais, o partido depende agora dos arranjos estaduais.

 

Anti-Bolsonaro

O União Brasil também fechou a chapa ao Planalto. Soraya Thronicke, que desde terça-feira assumiu o posto depois que o deputado federal Luciano Bivar (PE) abriu mão de se lançar à disputa, apresentou o economista e ex-secretário da Receita Federal Marcos Cintra como vice. “O jogo não está definido. O jogo, Brasil, ainda nem começou”, bradou a senadora, que está no meio do mandato parlamentar.

“Em 2018, votamos para tirar o que estava errado. Agora, em 2022, vamos votar para tirar o que também não deu certo”, disse Soraya, em alusão ao presidente Jair Bolsonaro (PL), do qual foi apoiadora e cujas ideias ajudaram a senadora a se eleger. Ela pincelou seu plano de governo, com destaque para a realização de uma reforma tributária e a criação de um imposto único.

“A reforma tributária é a mãe de todas as reformas. Com ela, ajudamos o assalariado, a dona de casa, nossos familiares. Ajudamos as empresas a investirem mais”, defendeu também Cintra, que defende, desde que comandou a Receita Federal, a proposta de um imposto único nos moldes da antiga CPMF.

 

Revés

Enquanto Soraya e Ciro já estão prontos para disputarem a corrida presidencial, a candidatura do influencer Pablo Marçal ainda patina. Isso porque, na tarde de ontem, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a volta de Eurípedes Júnior — que defende fechar desde já apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — ao comando do PROS.

Tão logo retomou o controle da sigla, Eurípedes realizou nova convenção partidária para rifar Marçal, que havia sido confirmado como candidato no último domingo. O influcencer, porém, garante que não será rifado e disputará a Presidência — tem, inclusive, uma vice, a policial militar Fátima Pérola Neggra.

Marçal, porém, já está registrado no TSE  e classificou a manobra de Eurípedes como um “golpe”. “Minha candidatura é um ato jurídico perfeito, dentro do prazo hábil. Tem que ter um prazo para divulgação. O que está rolando agora é um golpe”, criticou.

 

Quem vai para a briga pelo Planalto

Presidente  Vice-presidente

Jair Bolsonaro (PL) Walter Braga Netto (PL)

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) Geraldo Alckmin (PSB)

Ciro Gomes (PDT) Ana Paula Matos (PDT)

Simone Tebet (MDB) Mara Gabrilli (PSDB)

Soraya Thronicke (União Brasil) Marcos Cintra (União Brasil)

Leonardo Péricles (UP) Samara Martins (UP)

Pablo Marçal (PROS) Fátima Pérola Neggra (PROS)

Vera Lúcia (PSTU) Kunã Yporã (PSTU)

Luiz Felipe d’Avila (Novo) Tiago Mitraud (Novo)

Sofia Manzano (PCB) Antônio Alves (PCB)

Roberto Jefferson (PTB) Kelmon Luís da Silva Souza (PTB)

José Maria Eymael (DC) *não foi anunciado

 

» O prazo para as convenções partidárias e a definição de chapas terminou ontem. Partidos têm até 15 de agosto para registrar presidente e vice no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

 

Leia em: https://flip.correiobraziliense.com.br/edicao/impressa/3588/06-08-2022.html?all=1