Valor Econômico, v. 20, n. 4820 22/08/2019. Política , p. A14

Por 33 votos a 4, Executiva do PSDB rejeita pedidos de expulsão de Aécio



A executiva nacional do PSDB decidiu ontem rejeitar dois pedidos de expulsão do deputado Aécio Neves (PSDB-MG), em uma derrota para o governador de São Paulo, João Doria. Ao todo, 38 tucanos participaram da reunião no diretório nacional do partido, em Brasília. Foram 33 votos a favor de Aécio, 4 contra e uma abstenção.

Relator e aliado do mineiro, o deputado Celso Sabino (PSDB-PA) apresentou parecer contrário à admissibilidade das representações. A maioria da Executiva acompanhou o entendimento, travando a possibilidade de os casos avançarem para o Conselho de Ética do partido.

De última hora, Sabino mudou seu relatório e decidiu rejeitar, de uma só vez, dois pedidos: o do diretório municipal e o do estadual de São Paulo. A princípio, só a representação da capital paulista seria analisada. A reunião da executiva chegou a ser interrompida para que ele pudesse refazer seu parecer.

A solução pró-Aécio surgiu em meio a uma série de apelos de líderes dos principais partidos do Congresso a integrantes do PSDB. Caciques de importantes siglas pediram ao líder tucano na Câmara, Carlos Sampaio (SP), que trabalhasse para evitar o avanço da discussão da expulsão. A vitória de Aécio não significa um arrefecimento da situação do deputado dentro do PSDB, avaliam aliados do mineiro. Eles dizem que novas representações devem surgir e, mesmo diante da maioria formada ontem, haverá pressão para que o deputado deixe a sigla.

O diretório municipal de São Bernardo do Campo, do grupo político do prefeito Orlando Morando, por exemplo, já formulou um pedido de expulsão do mineiro. Morando é um dos principais aliados de Doria. Uma das representações analisadas ontem foi formalizada pela direção paulistana em 9 de julho, um dia antes de o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), ameaçar deixar o partido caso Aécio não fosse expulso. A segunda foi oficializada pelo diretório estadual tucano anteontem.

Aécio é investigado em uma série de inquéritos e se tornou réu, em abril do ano passado, sob acusação de corrupção passiva e obstrução da Justiça. O deputado ainda não foi julgado. O código de ética do PSDB, aprovado em maio, prevê expulsão em caso de condenação por corrupção transitada em julgado, o que não é o caso de Aécio. Mas tucanos veem brechas para que ele seja enquadrado por outras infrações.

O texto também prevê a expulsão, por exemplo, daquele que "usar os poderes e prerrogativas do cargo de direção partidária para constranger ou aliciar filiado, colega ou qualquer pessoa sobre a qual exerça ascendência hierárquica, com o fim de obter qualquer espécie de favorecimento ou vantagem".