Título: Exportações criam postos
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 02/10/2005, Economia & Negócios, p. A18

Os recordes da balança comercial, que persistem apesar do criticado patamar baixo atingido pelo dólar, refletem-se na geração de empregos. O saldo positivo registrado na indústria este ano é conseqüência direta das vendas externas do país, que devem superar US$ 110 bilhões este ano.

Marcelo de Ávila, economista do Ipea, lembra que setores como Alimentos e Bebidas e Meios de Transporte, influenciados pelas exportações, acumulam expressivas altas no nível de emprego em 2005 - de 8,94% e 7,95% até julho, respectivamente.

- Sem dúvida os produtos ancorados no segmento exportador são os que mais contratam - diz De Ávila.

A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) confirma a tese.

- Em termos de contratações, não estamos mal por conta do compromisso exportador, nas vendas de carnes, trigo e açúcar. Acredito que, por esta razão, manteremos um crescimento de 5% no emprego do setor de alimentos. A produção voltada ao mercado interno vai crescer com a melhora da renda - prevê Dênis Ribeiro, coordenador do departamento de economia da Abia.

Mas não são todos os exportadores que comemoram. O setor de calçados e couros acumula queda de 14,03% no emprego. Os críticos são unânimes ao citar a queda do dólar como principal culpado.

A indústria têxtil está entre as principais afetadas pelo câmbio. Até julho, o saldo de contratações está positivo em 28 mil vagas. O resultado, no entanto, está cerca de 40% abaixo das vagas criadas no ano passado, quando as exportações cresceram 26%. Este ano, de janeiro a agosto a alta das vendas externas foi de apenas 5,84%, para US$ 1,324 bi.

- Para piorar, no mercado interno dependemos da renda, que só se recupera agora, com as seguidas deflações - lamenta Fernando Pimentel, diretorda Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).