Título: Terror reprisa ofensiva a Bali
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Fonte: Jornal do Brasil, 02/10/2005, Internacional, p. A9

Pelo menos 25 pessoas morreram e outras 101 ficaram feridas, entre elas vários estrangeiros, após as explosões de cinco bombas registradas ontem na zona turística de Bali. O maior estrago ocorreu na estação balneária de Kuta, mesmo local onde, há três anos, 202 pessoas morreram. Entre as vítimas estão uma japonesa, um australiano e um europeu de nacionalidade ainda não identificada. Entre os feridos estão turistas americanos, coreanos, australianos, franceses e japoneses.

A maioria das vítimas foi levada ao hospital de Sanglah, o maior da ilha. Um representante da embaixada da França, que visitou dois centros onde são atendidos os feridos, disse que há pelo menos 32 mortos e 101 feridos. O diplomata, que pediu anonimato, disse ainda que 21 corpos se encontravam no hospital de Sangla e 11 no de Graha Asih. O balanço oficial confirma 25 mortes.

As cinco explosões sincronizadas aconteceram nas localidades turísticas de Kuta, Jimbaran e Nusa Dua entre às 18h50 e às 19h, causando pânico entre turistas. As bombas foram detonadas em três restaurantes lotados - dois na orla de Jimbaran e outro na praia de Kuta. Outras duas cargas de menor intensidade explodiram em Nusa Dua, local onde funciona a maioria dos hotéis de luxo, e em frente ao Hard Rock Café de Kuta. Policiais também desativaram sete bombas, todas enterradas na areia das praias.

A confusão reinava na região após as explosões, que as testemunhas classificaram de ''ensurdecedoras''.

- Era um inferno - declarou o britânico Daniel Martin, que estava próximo a um dos locais atingidos. - Não havia policiais na área. Todo mundo ajudava os feridos. Vi gente muito machucada caída na rua.

Outra testemunha assegurou ter visto restos humanos espalhados no café de Jimbaran.

- O chão estava coberto de sangue, com pessoas andando em choque, sem braços - descreveu o jornalista Sean Mulcahy, que jantava em um restaurante ao lado do atingido em Kula.

O presidente Susilo Bambang Yudhoyono condenou os ataques, ocorridos 11 dias antes do aniversário de três anos das explosões de 2002.

- Está claro que são ações terroristas, já que os alvos foram atingidos a esmo e em lugares públicos. Temos informações de que tentarão um ataque em Jacarta - disse Yudhoyono.

O porta-voz da diplomacia indonésia, Marty Natalegawa, considerou que as bombas ''estavam destinadas a causar a maior quantidade de vítimas''.

- Os autores dos atentados anteriores estão em sua maioria em liberdade, isso nos faz correr um certo risco - lembrou.

O governo da Austrália, país que perdeu 88 cidadãos nos ataques de 2002, confirmou ontem a morte de pelo menos um australiano.

- Por experiência, podemos assumir que o ataque partiu de uma organização como a Jemaah Islamiyah - disse o ministro das Relações Exteriores da Austrália, Alexandre Downer.

Os responsáveis ainda não foram apontados, mas o governo vinha alertando há meses sobre a possibilidade de a organização extremista, considerada o braço regional da Al Qaeda, estar preparando mais ataques no país.

- A única com capacidade de se movimentar e organizar ataques simultâneos contra um objetivo ocidental na Indonésia é a Jemaah Islamiyah - destacou Rohan Gunaratna, especialista em terrorismo no Instituto de Defesa de Cingapura. Em Washington, a Casa Branca condenou o atentado e ofereceu ajuda ao governo indonésio.