Título: No troca-troca, o PP acaba no DF
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 02/10/2005, Brasília, p. D1

Foi intensa a movimentação política na semana passada para concluir o processo de acomodações partidárias antes do prazo limite estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Na dança das cadeiras, o PMDB do governador Joaquim Roriz - conhecido por ser um partido inchado - segurou ao máximo seus filiados para alcançar a meta de preencher 12 vagas na Câmara Legislativa e cinco na Câmara dos Deputados. Seguindo o projeto de inflar a legenda, o convite de Roriz ao deputado José Roberto Arruda para migrar do PFL para o PMDB, rechaçado pelo pefelista, movimentou os bastidores e quase ocasionou a desfiliação de aproximadamente 30 nomes do PFL, o que simbolizaria o fim do partido. Na lista de reforços ao PMDB está o ingresso do ex-presidente do Superior Tribunal Federal Maurício Corrêa. Integrantes do Palácio do Buriti acreditam que a entrada do magistrado mostra a simpatia de Roriz por sua candidatura ao GDF no próximo ano. Sua filiação foi prestigiada, na presidência do PMDB no Congresso Nacional, por grandes caciques do partido como os ex-presidentes Itamar Franco e José Sarney.

Pupilo do governador, o administrador de Ceilândia, Rogério Rosso, também se tornou um peemedebista a fim de disputar uma vaga de deputado federal no próximo pleito. Junto dele na chapa estarão o secretário de Agricultura, Pedro Passos, o chefe da Polícia Civil, Laerte Bessa, o ex-presidente da Terracap Eri Varella, a secretária de Gestão Administrativa, Maria Cecília Landim, que estava de malas prontas para o PSDB mas permaneceu em seu partido a pedido do governador.

- Se a gente não tem voto para a gente sozinho, não é brigando com os outros que a gente vai se eleger. Temos que estar unidos - avaliou Pedro Passos, sobre os fortes nomes que estão com ele na empreitada.

O próximo pleito poderá contar ainda com a participação das filhas do governador: Liliane Roriz, no PMDB, e Jaqueline Roriz, que deixou o partido do pai e ingressou no PSDB. De carona na popularidade de Roriz, as duas poderão ser um trunfo nas campanhas do ano que vem, como prevêem aliados.

De olho nos resultados das urnas, e no intuito de atender a pedidos de companheiros, o deputado distrital João de Deus obteve uma façanha: de fevereiro para cá ele trocou de partido três vezes. Começou o ano no PP, filiou-se ao PMDB para ajudar a sigla a cooptar cargos, retornou ao partido que o elegeu e, menos de 15 dias depois, definiu-se pela vida de peemedebista. No dia 29 filiou-se também ao PMDB o secretário de Relação entre Poderes, Wigberto Tartuce, o Vigão. Segundo um peemedebista, os dois chegaram a procurar o ninho tucano, mas não tiveram suas filiações abonadas.

Extinção - A ex-sigla de Vigão e João de Deus foi a que mais perdeu com a corrida das filiações. O último distrital que restava no PP, Júnior Brunelli, migrou para o PFL dos companheiros do chamado ''bloco dos dissidentes'' na Câmara Legislativa, liderados pela pefelista Eliana Pedrosa. O ex-deputado Jofran Frejat também disse adeus ao ex-vice-governador Benedito Domingos, e ingressou no PTB. Segundo um ex-pepista a perda de representação do PP interessa a vários de seus dirigentes que poderão barganhar o horário eleitoral com outras siglas.

O ninho tucano recebeu ainda o porta-voz Paulo Fona e o presidente da Caesb, Fernando Leite, promessas para a Câmara Legislativa. A campanha deles, porém, dependerá do aceno do principal regente da orquestra política, Joaquim Roriz. A promessa é de que em dois meses o governador comece tirar da máquina administrativa aqueles que farão campanha em 2006.