Título: Atentados foram obra de suicidas
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Fonte: Jornal do Brasil, 03/10/2005, Internacional, p. A7

A polícia da Indonésia divulgou ontem que três suicidas foram os autores dos atentados terroristas ocorridos sábado na ilha de Bali, quando pelo menos 25 pessoas morreram e mais de 120 ficaram feridas. De acordo com o chefe da polícia, Mangku Pastika, os responsáveis seriam três homens jovens de origem asiática, com idade em torno de 20 anos. Pastika mostrou fotos de cabeças decapitadas, que seriam dos suspeitos.

A polícia também exibiu imagens feitas por um cinegrafista amador em um dos restaurantes. O vídeo mostra um dos autores do atentado no momento em que entra no café Raja, na praia de Kuta, que foi destruído. A identidade do cinegrafista não foi divulgada.

A filmagem mostra o momento exato em que o homem, com uma mochila e uma camiseta preta, passa lentamente entre as mesas, se dirige para o fundo do recinto e entra na cozinha.

Momentos depois, ocorre uma explosão ensurdecedora, que destrói a parte de trás do local. A imagem se escurece e gritos de pânico são ouvidos.

- Todos começaram a gritar por Alá, pedindo socorro - disse Wayan Subagia, 23 anos, que sofreu queimaduras nas pernas. - Uma mulher correu para proteger sua filha, mas a criança já estava morta - completou.

Ketut Suartana estava no meio do jantar quando as cargas explodiram. -Todos estavam comendo e, de repente, tudo ficou escuro - disse, da cama do hospital. - Tentei correr, mas tropeçava e caía. Foi em uma dessas que estilhaços da segunda detonação me atingiram - completou. Peritos disseram que as bombas tinham em média 10kg de explosivo, além de bilhas metálicas e sucata.

O turista australiano Anthony Breadly, que estava em Bali desde sexta-feira com a mulher e seus dois filhos pequenos, bebia em um café quando a primeira bomba explodiu.

- O barulho da primeira explosão foi aterrorizante e os turistas entraram em pânico, mas os locais disseram que não havia motivo para ter medo, já que explosões de garrafas de gás aconteciam de vez em quando e faziam esse barulho. Só quando a segunda explodiu é que eles perceberam a gravidade da situação - revelou Breadly.

Sua mulher, que é enfermeira e trabalha com vítimas de queimaduras na Austrália, se ofereceu como voluntária, mas autoridades da Indonésia disseram que a ajuda não era necessária.

Bobby Nugroho, um indonésio cujo mãe e pai foram mortos na confusão causada pelas explosões, voltou ao local dos atentados para coletar os restos mortais dos dois.

- Uma testemunha disse que meu pai estava sentado na praia, olhando o mar, quando um homem abriu sua jaqueta, tirou uma arma e atirou em sua direção - disse Nugroho, que é correspondente de um jornal japonês e mora em Jacarta.

Para o turista inglês Chris Ryan, o choque maior é que a ilha foi atingida mais uma vez. - Ninguém acreditava que Bali poderia ser alvo de outro atentado em tão pouco tempo. É inacreditável. Todos aqui estão aterrorizados - disse Ryan.