Correio Braziliense, n. 21703, 18/08/2022. Política, p. 4

Disputa tem recorde de mulheres



Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que todos os partidos que disputam o pleito deste ano cumpriram o mínimo de 30% de candidaturas femininas, cota prevista por lei, mas isso não significa que a proporção reflita o eleitorado brasileiro, que é de maioria feminina (53%).

 Neste ano, o número de candidaturas femininas atingiu a maior proporção da série histórica das eleições nacionais. Ao menos 33,3% dos inscritos são mulheres. Entre os partidos, 13 ultrapassaram a média entre postulantes mulheres e homens, e dez ficaram mais próximos do piso permitido por lei. Os dados podem ser atualizados.

Tanto os partidos quanto as federações — composição autorizada pela primeira vez em 2022 — precisam cumprir a regra eleitoral que obriga que candidaturas femininas representem, no mínimo, 30% de todos os nomes indicados. A proporcionalidade de gênero exigida pelo TSE vale também para o uso dos recursos do fundo eleitoral. Casos de irregularidades no cumprimento das cotas de gênero podem levar à cassação de bancadas, como ocorreu na Assembleia Legislativa do Paraná em julho deste ano.

 Apesar de mais presentes nas urnas, as mulheres ainda são preteridas nas chapas para o Executivo, delegadas aos cargos de vice. Elas ocupam 42% das candidaturas de vice-presidente e 39% das de vice-governador. Nos dois casos, quase metade delas são negras.

Já a disputa por cargos-chave, como o de governador, é dominada por homens — são 185 postulantes ante 38 candidatas. Em oito Estados, nem sequer há uma mulher concorrendo ao Executivo estadual.

A eleição de 2022 deve registrar a maior proporção de candidaturas femininas desde a redemocratização. São 9.434 candidatas, valor 16,5% maior do que em 2018. Os números contrastam com o observado nas candidaturas masculinas, que registraram aumento de 4,6% de uma eleição para outra.