Título: Alencar avisa: recursos da Defesa são escassos
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 09/11/2004, País, p. A2

Vice-presidente diz que pretende passar uma ''borracha'' nos problemas

Ao acumular ontem o cargo de ministro da Defesa, o vice-presidente, José Alencar, admitiu que os recursos orçamentários reservados para as Forças Armadas são insuficientes para a demanda dos militares. E deu a entender que pretende passar uma borracha sobre os atritos recentes entre a pasta e os comandantes, que devem ser mantidos. - Minha visão é daqui para a frente. Não tenho nada com o passado.

O ministro recém-empossado ressaltou que ''os desafios são enormes, imensos'' e os ''recursos, escassos diante da magnitude das tarefas que nos aguardam'', em discurso de 15 minutos.

O Ministério da Defesa tem orçamento previsto para custeio e investimento, em 2005, de R$ 5,2 bi. Neste ano, o orçamento foi de R$ 4,1 bi e, com suplementação orçamentária, foi para R$ 5,3 bi.

Em sua fala, o novo ministro da Defesa disse que um de seus objetivos é criar condições para o aparelhamento das Forças Armadas.

- Devemos criar condições para que Marinha, Exército e Aeronáutica sejam aparelhados, conservando-se aptos para o emprego, sob quaisquer circunstâncias.

Um dos atritos entre o ex-ministro José Viegas e os comandantes das Forças Armadas surgiu justamente por causa da questão orçamentária e a negociação do reajuste aos militares. Alencar, ao admitir ontem a escassez de recursos, deixou um alerta aos militares sobre as dificuldades que terá ano que vem, quando está prometido o pagamento da segunda parcela de reajuste aos militares - a proposta é de 10% em 2004 e 23% até março de 2005.

No momento em que se discute a abertura dos arquivos sobre a atuação das Forças Armadas na ditadura, Alencar falou em ''eventuais equívocos de percurso'' na história militar do país.

- As Forças Armadas são instituições grandiosas e permanentes. Historicamente superam barreiras e eventuais equívocos de percurso, pois são esteios da soberania e fatores de estabilidade.

Após a solenidade, Alencar permaneceu por um hora no salão nobre do Planalto recebendo os cumprimentos de militares, políticos e funcionários da Defesa. Em seguida, falou rapidamente à imprensa. Questionado sobre a permanência de um ''bombardeado'' comandante do Exército, o general Francisco Albuquerque, Alencar disse:

- Não há bombardeio. Vemos o contrário: uma disponibilidade dos comandantes para exercerem o trabalho sério em benefício de uma causa maior, que é o país.