Correio Braziliense, n. 21706, 21/08/2022. Brasil, p. 6

O país mais triste sem Claudia Jimenez

Victor correia


Morreu ontem, aos 63 anos, a atriz e humorista Claudia Jimenez, após um quadro de insuficiência cardíaca. Ela estava internada no Hospital Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. Claudia sofreu um infarto em 1999, e desde então passou por três cirurgias cardíacas, sendo a primeira para colocar cinco pontes de safena. Em 2012, ela precisou passar por dois procedimentos para facilitar a circulação das artérias, colocando quatro stents e substituindo a válvula aórtica. Em 2013, a atriz colocou um marca-passo cardíaco.

Ao longo da trajetória artística, Claudia interpretou personagens icônicos da televisão, como Dona Cacilda na Escolinha do Professor Raimundo e Edileuza, em Sai de Baixo. Além dos personagens, a atriz é conhecida por famosos bordões como “beijinho, beijinho, pau, pau”. Ela iniciou a carreira em 1979, na série Malu mulher, da Rede Globo, interpretando a personagem Aline.

Claudia morreu pela manhã, e seu corpo foi cremado à tarde no Memorial do Carmo, no Caju, na zona portuária da capital fluminense, após o velório. Nas redes sociais, a ex-mulher de Claudia, Stella Torreão, homenageou a atriz. “Claudia, amor da minha vida, faria tudo de novo! Você fez muito mais por mim! Cadê nós, meu amor?”, escreveu.  “Passo aqui só pra dizer que ela me alimenta de todas as maneiras, me protege, me ama, me valoriza, me salva! Acreditem, não sei o que fiz para merecer essa pessoa tão maravilhosa em minha vida”, disse ainda. As duas foram casadas entre 1998 e 2008, mas seguiram dividindo a mesma casa mesmo após a separação.

Em 1986, Claudia descobriu um câncer no mediastino, na parte de trás do coração. Os médicos chegaram a considerar que a atriz não tinha mais chances de recuperação, mas ela se curou completamente da doença com o apoio de um amigo, o também ator Chico Anysio. O tratamento, porém, fragilizou seu coração e pode ter contribuído para os problemas subsequentes.

Durante uma entrevista ao Fantástico, em 2014, após a sua terceira cirurgia, Claudia contou mais detalhes sobre seu tratamento de saúde. “Quando eu falo para o meu médico: ‘ô radioterapia desgraçada’, ele diz: ‘mas se não fosse ela, você já estava há muito tempo lá em cima, né?’. E é verdade. Quer dizer, a gente tem sempre que agradecer em vez de reclamar”, afirmou a atriz.

“Maturidade faz você ficar mais bacana. Às vezes, (quando) eu percebo que, internamente, não estou legal, eu vou em busca de alguma coisa que me faça ficar legal. Tem gente que fala assim para mim: ‘Ai, como você é frágil’. Eu falo: ‘Frágil? Eu sou a pessoa mais forte que eu conheço’. Chegam perto de mim e falam: ‘Vamos trocar válvula aórtica’. Eu falo: ‘Ok, vamos’. ‘Vamos fazer cinco pontes de safena’. ‘Ok, vamos’. ‘Botar o marca-passo’. ‘Ok’. Eu faço qualquer coisa para ficar aqui”, completou.

 

Repercussão

A morte de Cláudia gerou forte comoção entre artistas e amigos da atriz. “Minha bobó, seu abraço e teu afeto me farão uma falta indescritível. Mas, para além disso, seu talento imenso e arrebatador jamais será esquecido. Que nossa senhora te receba com seu manto de luz e amor infinitos”, escreveu a atriz Carolina Dieckmann.

“Gorducha, você veio nesta Terra e virou um dos seres humanos mais incríveis que já conheci. Você cumpriu maravilhosamente sua missão trazendo a sua alegria e nos fazendo rir”, disse o ator Rodrigo Phavanello, ex-namorado de Cláudia. “Tenho certeza que esse foi o seu veredito sobre essa passagem por aqui. Descanse em paz, minha Anja! Meus profundos sentimentos a toda a família que ela tanto amava”, completou.

O ator e diretor Miguel Falabella também se manifestou. Ele e Claudia atuaram juntos em Sai de Baixo. “Agora, estou deitado, passando um filme na minha cabeça, tentando me agarrar às tantas gargalhadas que demos, ao prazer de atuar juntos, ao seu único e irreproduzível tempo de comédia. Você estará para sempre usando aquele biquíni selvagem que nos ensolarou a existência, Claudinha”, escreveu em seu Instagram.