Valor Econômico, v. 20, n. 4836 13/09/2019. Política, p. A12

Médicos determinam que Bolsonaro fique afastado do cargo por mais 4 dias

 Carolina Freitas
 Dimitrius Dantas


 

O presidente Jair Bolsonaro, ficará afastado do cargo por quatro dias, além do previsto, para repousar e se recuperar de cirurgia feita no domingo, no abdômen. Assim, o vice Hamilton Mourão fica na Presidência até segunda-feira, e Bolsonaro assume só na terça-feira, dia 17. As informações foram confirmadas ontem à tarde em São Paulo pelo porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, no térreo do hospital Vila Nova Star, onde Bolsonaro está internado sem previsão de alta.

Segundo Rêgo Barros, a decisão de adiar a volta do presidente ao cargo foi tomada pelo médico da Presidência, Ricardo Peixoto Camarinha, com a participação de Bolsonaro. “O presidente é uma pessoa mentalmente muito forte e ele próprio participou da decisão”, explicou o porta-voz. “Se assumisse amanhã [hoje], ele ainda estaria com alguma limitação para o exercício natural do cargo”. O porta-voz citou a sonda nasogástrica que o presidente usa desde quarta-feira como exemplo de limitação para que Bolsonaro volte ao trabalho.

A sonda foi colocada para corrigir uma distensão abdominal, intercorrências da cirurgia. Por causa disso, o presidente teve suspensa a alimentação oral e se alimenta exclusivamente por via venosa.

Apesar desse percalço, Rêgo Barros disse que a recuperação do presidente “evolui positivamente” e que a extensão da licença tem como objetivo permitir que Bolsonaro descanse. “Esse descanso vai acelerar o processo de recuperação”, afirmou o porta-voz. “A decisão se deve a um conjunto de fatores, mas é especialmente para proporcionar descanso ao presidente”.

Bolsonaro segue com as visitas restritas e é acompanhado no hospital pela mulher Michelle e pelo filho Carlos. A orientação médica é que ele não fale, para evitar ingerir ar e, assim, formar gases, o que pode atrapalhar na recuperação da cirurgia.

Isso não o impediu de fazer do hospital a sua “live” semanal no Facebook. Por três minutos, o presidente, sentado diante de uma mesa, leu com voz firme, sete tópicos de “boas notícias”.

“Como toda semana, tenho muita coisa boa a informar ao Brasil”, afirmou Bolsonaro. O presidente estava sentado, diante de uma mesa, sobre a qual estavam duas folhas de anotações, um caderninho e um boné verde oliva em que se lia “Make Brazil Great Again” - inspirado no slogan de campanha do presidente americano Donald Trump.

Ontem, o presidente recebeu a visita do médico Luiz Henrique Borsato, responsável pela cirurgia à qual foi submetido na Santa Casa de Juiz de Fora logo após a facada sofrida durante ato de campanha. Em imagem publicada em suas redes sociais, Bolsonaro, que é chamado de “mito” pelos seus seguidores, chamou Borsato e Antônio Luiz Macedo, que coordena seu tratamento desde o ano passado, de “mitos”.

“Uma foto, dois mitos. Mito 01: chefe da equipe que salvou minha vida em Minas Gerais, Dr. Luiz Henrique Borsato. Mito 02, quem salvou minha vida em SP, Dr. Antonio Luiz Macedo. No centro, apenas o presidente da República, Jair Bolsonaro, que sem os dois e Deus, não teria vida”, postou.

A visita de Bolsonaro já estava prevista desde segunda-feira.