Título: Oito mortos no Amazonas
Autor: Orlando Farias
Fonte: Jornal do Brasil, 01/10/2005, País, p. A7

A pouca profundidade do Rio Amazonas, que vive a maior seca dos últimos 30 anos, pode ter sido a causa do acidente com o barco Almirante Sergiomar, na noite de quinta-feira, que deixou pelo menos oito mortos e 13 desaparecidos. A embarcação afundou entre as cidades de Itacoatiara e Urucurituba, após bater em uma embarcação maior.

Após o encerramento das buscas às 18h, a Capitania dos Portos anunciou que além dos oito corpos que haviam sido resgatados, outras 13 pessoas podem estar presas dentro das ruínas do barco, sobretudo em seus camarotes.

No momento do acidente, por volta das 20h30, muitas pessoas já dormiam nos camarotes e nas redes, e não acordaram apesar dos gritos de tripulantes e passageiros. Segundo sobreviventes, eles não tiveram tempo de se jogar na água mesmo depois de ouvir os avisos de que o barco estava indo de encontro a uma balsa de transporte de carga, e ficaram presos nos camarotes.

O comandante do barco, Roberto Marques, 54, culpou seca do rio nessa época do ano, que obriga as embarcações a navegar ao lado de navios e barcaças em busca do leito mais profundo. Ele perdeu a mulher grávida e ficou com duas costela fraturadas.

Roberto tentou uma manobra de ultrapassagem sobre a embarcação e alega que a ponta de um banco de areia ou o fenômeno conhecido como ''rebojo'' (redemoinho das águas) levou o barco de encontro à grande embarcação. O Almirante Sergiomar foi abalroado e afundado pela balsa.

Imediatamente após o acidente, o comandante da balsa pertencente a empresa Chibatão de Manaus, acionou o rádio e pediu socorro às embarcações mais próximas.

O comandante do barco, Manoel Ferreira, resgatou 34 sobreviventes e os levou a Itacoatiara, cidade mais próxima do local do acidente. Nove deles foram hospitalizados na unidade de saúde da cidade. Seis outras pessoas chegaram depois à mesma cidade em pequenas embarcações, ampliando para 40 o número de sobreviventes, conforme boletim oficial do 9º Distrito Naval, com sede em Manaus.

Os números da Capitania dos Portos anunciados no local do acidente foram confirmados no início da noite na unidade de Parintins, cidade que recebeu os oito corpos das vítimas fatais. O capitão e agente da Capitania local, Felipe Souza, negou que um novo corpo tivesse sido encontrado por volta das 18h, como chegou a ser veiculado por moradores de uma comunidade de Urucurituba. Eles informaram por telefone que um corpo teria sido encontrado na superfície do rio, mas os helicópteros só poderão confirmar a informação hoje já que as condições de vôo eram adversas.