Valor Econômico, v. 20, n. 4850, 03/10/2019. Brasil, p. A4

Militares sustentam regime na Venezuela, diz Bolsonaro

Andrea Jubé


Em lançamento de nova fase da Operação Acolhida, o presidente Jair Bolsonaro responsabilizou as Forças Armadas venezuelanas pela manutenção do regime naquele país. “Quem mantém a ditadura venezuelana são as suas Forças Armadas”, afirmou. “Mais importante do que resgatar a paz é colaborarmos para que outros países vizinhos nossos não se aproximem do que vive nosso querido povo venezuleano.”

A nova fase da operação prevê a interiorização dos refugiados venezuelanos que ingressaram no país por meio da fronteira de Pacaraima, em Roraima. Desde o acirramento da crise sob o presidente Nicolás Maduro, pelo menos 4,3 milhões de venezuelanos deixaram a Venezuela em direção aos países vizinhos. O governo também anunciou a criação de um fundo do Banco do Brasil que poderá receber doações privadas para subsidiar a operação, controlada pelo Exército.

Até o momento, desde o início da operação, 19,5 mil imigrantes foram interiorizados - 2.420 somente em agosto de 2019, segundo o Ministério da Defesa.

Bolsonaro lembrou a atuação das Forças Armadas no Brasil na implantação do regime militar. “Quem decide se o povo vai viver na liberdade e na democracia são as suas Forças Armadas”, disse Bolsonaro. “Muitos colegas nossos perderam as vidas, outros tiveram a reputação destroçada, mas a nossa liberdade foi garantida”, completou.

O presidente voltou a mencionar seu pronunciamento na Assembleia Geral das Nações Unidas, onde falou sobre a crise venezuelana. “Nós flertamos com o socialismo, um regime que está dando muito certo na Venezuela”, ironizou.

O coordenador-residente do Sistema Nações Unidas no Brasil, Niky Fabiancic, elogiou o papel do Brasil na acolhida dos refugiados venezuelanos. “O trabalho do governo é um dos melhores exemplos de resposta humanitária à chegada de venezuelanos”, afirmou.

Fabiancic disse que, na Assembleia Geral da ONU, o secretário-geral da entidade, António Guterres, agradeceu pessoalmente a Bolsonaro a “contribuição histórica do Brasil” às missões de paz no Haiti, Líbano e Congo e pelo acolhimento dos refugiados.