Valor Econômico, v. 20, n. 4831 06/09/2019. Política, p. A8


Moro pede a investidores que apostem no governo

 Renan Truffi
 Luísa Martins


O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, pediu ontem que investidores e executivos de alto nível internacional apostem no governo Jair Bolsonaro. Moro fez o apelo durante evento da Americas Society/Council of the Americas (AS/CoA), ou Conselho das Américas, organização empresarial americana cujo objetivo é promover o livre comércio no continente.

Em uma palestra de cerca de 30 minutos, Moro procurou destacar a queda de 22% no número de homicídios no país até o mês de maio, o que significou, de acordo com o ministro, uma redução de 6 mil assassinatos. Ele demonstrou preocupação que a redução de indicadores de violência possa melhorar o "ambiente de negócios".

 

O ministro ainda procurou enfatizar à plateia de empresários que o objetivo do governo Bolsonaro é, desde o início, avançar contra a corrupção e contra o que chamou de criminalidade violenta, em especial o praticado por organizações criminosas. Por conta disso, Moro disse que o governo, ao contrário de outras gestões, optou por enfrentar grupos como o Primeiro Comando da Capital (PCC), que controla boa parte das prisões brasileiras.

Como exemplo, o ministro da Justiça citou que o governo teve "coragem" de implantar uma "política de isolamento das lideranças criminosas". "Precisamos enfrentar essas organizações criminosas de maneira mais ofensiva, no bom sentido. O que nós fizemos foi transferirmos as lideranças [desses grupos criminosos]", disse. Ainda assim, ele reconheceu que outros indicadores de violência ainda são "muito altos".

Moro também fez referência a governos anteriores - prática habitualmente rechaçada pelo presidente Bolsonaro - ao citar que seu ministério continuou um trabalho relacionado ao sistema prisional que já vinha sendo conduzido por outros ministros. "Muitas vezes as prisões não cumprem nem seu objetivo primário, que é neutralizar a atividade criminosa. Sempre temos que buscar a ressocialização como esperança, mas o objetivo principal é esse", disse.

"Basicamente, estamos seguindo o modelo de Força Nacional de outros governos. Infelizmente, hoje esse encaminhamento ainda é feito de forma reativa, mas estamos trabalhando para que seja mais proativa", continuou.

O ministro da Justiça também acenou a outros presidentes ao divulgar, "seguindo na esteira de governos anteriores", o sistema de estatísticas disponível no site da pasta, com indicadores que, segundo ele, tem revelado queda nas taxas de criminalidade no país.

"Antes que se desconfie dos dados, eles convergem com dados apresentados pelas ONGs. Elas não têm lá muita simpatia pelo governo federal, mas os dados vêm coincidindo", afirmou. "O mérito é das políticas públicas dos governos federal e estaduais."