Correio Braziliense, n. 21709, 24/08/2022. Política, p. 3

Diálogo com os militares

Luana Patriolino


O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, recebeu em audiências, ontem, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; representantes da Polícia Federal e integrantes do movimento Pacto pela Democracia. As reuniões, para tratar da segurança do pleito e da lisura do processo, ocorreram na sede da Corte. Moraes conversou com Nogueira por cerca de uma hora. A imprensa não foi autorizada a acessar o local, e os dois não se pronunciaram a respeito do encontro. A reunião é uma tentativa de reaproximação com os militares, que têm uma relação estremecida com a Corte por conta do papel das Forças Armadas no processo eleitoral. Nogueira fez a solicitação para o encontro há meses, mas não obteve resposta positiva do então presidente do TSE, Edson Fachin. Na ocasião, Fachin alegou que a reunião poderia significar privilégio para os militares diante de outros integrantes do Comitê de Transparência Eleitoral (CTE). O grupo é formado por diversas entidades, com representantes do Ministério Público Federal (MPF), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Congresso Nacional, Polícia Federal, universidades, entre outros. Após a reunião com o titular da Defesa, Moraes recebeu representantes da PF. O encontro durou 30 minutos. Em seguida, os integrantes do Pacto pela Democracia também tiveram audiência com o ministro. O magistrado já tinha se reunido com o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Na segunda-feira, o parlamentar foi à Corte e, na saída, defendeu o processo de votação do país. Ele ainda ressaltou que não há registro de fraudes nas urnas eletrônicas. Pacheco citou que, desde 1996, ano da implantação das máquinas, não houve nenhum motivo para despertar desconfiança. Agora, porém, o presidente Jair Bolsonaro insiste em levantar dúvidas sobre a lisura do processo. Moraes assumiu o comando do TSE na terça-feira passada e disse que fará um combate “implacável” às fake news contra o sistema de votação. O magistrado afirmou que trabalhará de modo firme e sereno durante o pleito e condenou a propagação do discurso de ódio no país.