Título: Poupança tem rentabilidade recorde
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Fonte: Jornal do Brasil, 01/10/2005, Economia & Negócios, p. A20
A caderneta de poupança registrou no terceiro trimestre deste ano a maior rentabilidade real em uma década, graças à deflação registrada pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M, medido pela Fundação Getúlio Vargas) no período. A informação é da consultoria Economática.
Segundo o estudo, a rentabilidade nominal da poupança no trimestre foi de 2,39%. No período, o IGP-M, apresentou deflação de 1,51%, levando a rentabilidade real da poupança para 3,96%. Ganho superior a este foi verificado somente no terceiro trimestre de 1995, quando a rentabilidade real da poupança atingiu 5,83%.
O levantamento da consultoria mostra ainda que a deflação acumulada pelo IGP-M no terceiro trimestre deste ano é a maior da história do índice para um período de três meses.
De acordo com a Economática, trimestralmente, o índice só registrou deflação em outras duas ocasiões: terceiro trimestre de 1998 (-0,41%) e segundo trimestre de 2003 (-0,35%).
No mês de setembro, os fundos FGTS-Vale, que aplicam recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço em ações da mineradora, acumulou alta de 20,13% até o início da semana, segundo levantamento da Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid), liderando os investimentos.
A Bolsa de Valores acumulou alta de 12,62%. Em agosto, a valorização havia sido de 7,69%, e em julho, de 3,96%. Mesmo com o desempenho melhor a cada mês, analistas advertem que o mercado acionário pode estar perto de seu teto, o que pode levar alguns investidores a se desfazer dos ativos para embolsar os ganhos, tornando o investimento mais arriscado.
- É difícil dizer qual é o teto da bolsa. O mercado acionário tem batido recordes em diferentes lugares do mundo - afirma André Castro, gestor de renda variável da SulAmérica Investimentos. No ano, o Ibovespa (que agrupa as ações de maior liquidez) tem valorização de 20,57%.
- Com o nível atual da Bovespa, o mercado deve ser encarado com cautela. Há mais riscos de haver realizações de lucros - diz Castro.
Nesta semana, quem mais ganhou foi a ação ordinária da Eletrobrás, que se valorizou 13,76%. A ação preferencial da Net também subiu forte (12,64%) no período. Já o papel preferencial da Braskem teve perdas de 9,09% na semana.
Aplicações mais tradicionais, como os fundos de renda fixa e DI (que remuneram com base na evolução da taxa de juros), deram retornos bem tímidos, em comparação à bolsa. O CDI, que é a referência para essas aplicações, rendeu 1,50% em setembro. Em renda fixa, os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) pagaram 14,17% nos primeiros nove meses de 2005. A queda na taxa básica de juros, porém, tende a frear os ganhos dos investimentos em renda fixa.
O dólar, que há tempos não é uma opção de investimento muito interessante, perdeu mais 5,43% de seu valor diante do real em setembro.