Valor Econômico, v. 20, n. 4911, 03/01/2020. Política, p. A6

Com hérnia, Bolsonaro fará novos exames

Fabio Murakawa
Renan Truffi


O presidente Jair Bolsonaro está com uma “hérnia lateral” no abdômen, perto da região onde levou uma facada durante um ato de campanha em Juiz de Fora em 2017. Ele disse que passará por exames em fevereiro,

Horas depois, em uma postagem no Facebook, e posteriormente em sua live de quinta-feira nessa rede social, Bolsonaro expôs o artigo 85 da Constituição, que diz que são crimes de responsabilidade atos do presidente que atentem contra a Lei Orçamentária.

“Pelo exposto você acha que devo vetar o FEFC, incorrer em Crime de Responsabilidade (quase certo processo de impeachment) ou sancionar?”, questionou Bolsonaro, encerrando a postagem. FEFC é a sigla para Fundo Especial de Financiamento de Campanha.

Pela manhã, Bolsonaro disse no Alvorada que deve “obediência à lei” e que, dependendo de sua decisão, poderia incorrer em crime de responsabilidade. Questionado, então, sobre se já havia tomado a decisão de sancionar o fundo, ele foi evasivo. Segundo Bolsonaro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) enviou ofício à Receita Federal com a estimativa do valor a ser repassado aos partidos neste ano.

Bolsonaro comparou ainda a polêmica do fundo eleitoral com sua decisão de aumentar o salário mínimo, de R$ 998 para R$ 1.039, alguns centavos acima do que estava previsto pela equipe econômica. “É igual ao salário mínimo. Eu queria que colocasse 10 mil reais o salário mínimo, mas tem que saber de onde vai vir o dinheiro, só isso”, disse. “Ou você tem uma política [de reajuste], como no ano retrasado, ou muda todo ano."

O reajuste de 2020, segundo ele, “foi acima do que seria se a lei do PT estivesse em vigor”. “Quem trata do assunto é [o ministro da Economia] Paulo Guedes, que está fazendo um bom trabalho”, disse.

Ontem, o cargo de secretário de Assuntos Estratégicos (SAE) foi preenchido depois de dois meses de impasse. Ele será ocupado pelo atual secretário-adjunto de Gestão Orçamentária do Ministério da Economia, Bruno Grossi.

A SAE é subordinada à Secretaria-Geral da Presidência, chefiada por Jorge Oliveira, um dos ministros mais próximos de Bolsonaro. A escolha acaba com meses de impasse após a saída do general Maynard Marques Santa Rosa, há cerca de dois meses. O general pediu demissão e deixou o governo em meio a desentendimentos com Oliveira.