Título: PT mantém maior bancada
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/10/2005, País, p. A2

A nova configuração política da Câmara dos Deputados, terminado o prazo das filiações eleitorais, manteve o PT na liderança do ranking das bancadas, após disputada corrida com o segundo partido da Casa, o PMDB. A diferença de parlamentares entre as duas legendas é pequena e, apesar de simbolicamente importante, tem pouco valor real nas disputas internas. No último sábado acabou o prazo de filiação para quem pretende disputar as eleições de 2006.

Embora tenha perdido para o governo na disputa pela presidência da Câmara, com a eleição de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), a oposição votou unida em torno de seu candidato, derrotado por 15 votos.

A base aliada, por outro lado, elegeu o comunista, mas votou dividida, deixando de herança para as próximas votações um cenário de incerteza política.

Hoje, ter a maior bancada e o presidente da Casa do lado governista não significa o domínio seguro sobre as questões legislativas, sobretudo as polêmicas.

O PT elegeu 91 deputados em 2002, mas a bancada abriu a semana com 83 parlamentares, à frente dos demais partidos com representação na Câmara. Desde o início da crise, e após aberta a temporada do troca-troca, a legenda perdeu sete deputados, cinco deles para o PSOL e dois para o PDT.

O PMDB, titular da segunda maior bancada, chegou a ultrapassar o PT nos últimos dias, mas o inchaço parlamentar acabou refluindo. O partido, eleito em 2002 com 75 deputados, tem hoje três representantes a mais. Embora oficialmente governista, a sigla é rachada nas questões de apoio ao Planalto.

Há dois anos, o PFL levou 84 deputados federais à Câmara, mas agora conta com 62 parlamentares. Foi a sigla que mais perdeu deputados desde o início do governo.

O partido de Severino Cavalcanti (PE), o PP, elegeu 49 deputados e, agora, tem 54 membros, ficando em quarto lugar como força política na Câmara.

Principal adversário do PT em 2006, o PSDB ficou com 53 representantes, perdeu força, já que elegeu 70 deputados federais. Na mesma linha do PFL, companheiro de oposição, a legenda registrou baixas de 17 representantes. Praticamente todos migraram para base aliada.

No PTB, com a cassação de Roberto Jefferson (RJ) e a debandada de sete deputados, há agora 44 deputados, 18 a mais que em 2002. No período, o partido foi um dos principais destinos de deputados que deixaram a oposição para se aliarem ao governo.

O PL também inchou desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência da República, chegando ao pico de quinta maior bancada. Nas últimas semanas, alvo das denúncias do mensalão, a sigla sofreu debandada, perdendo 13 membros. O principal deles, o vice-presidente, José Alencar, filiou-se ao novo PMR, ligado à Igreja Universal. Hoje, o PL tem 38 deputados. Em 2002, conseguiu eleger 26.

Apesar de eleger o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, o PCdoB perdeu um deputado. O PSOL, formado por políticos expulsos do PT por contrariar decisões partidárias, tem agora sete deputados, todos ex-petistas.