Título: Lula critica excesso de denúncias
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/10/2005, País, p. A3
Em discurso ontem em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou coerência do empresariado do país, criticou acusações sem provas - num claro recado às CPIs - e pediu o reconhecimento de suas ações na área econômica, afirmando que o Brasil entrou numa rota de desenvolvimento sustentável mesmo após ''120 dias subordinado a centenas e centenas de denúncias''. - Vivemos um momento que merece reflexão do setor empresarial, dos trabalhadores e da classe política brasileira. Faz 120 dias que o Brasil vive subordinado a centenas e centenas de denúncias. As mentiras irão aparecer e as verdades também. O povo precisa ter cautela porque o denuncismo ficou solto durante quatro, cinco meses - afirmou Lula, na abertura do 6º Seminário da Indústria Brasileira da Construção, realizado na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Lula partiu para ofensiva: -As denúncias aparecem e depois não se concretizam, e fica o dito pelo não dito. E não existe pedido de desculpas, não existe reparação, não existe retratação.
Lula afirmou não ter permitido que as denúncias afetassem a economia e abordou as críticas à política de juros:
- Durante a campanha, fiz muitos debates com o setor empresarial e ouvi pedidos de autonomia para o Banco Central. Agora as pessoas querem que eu determine a política de juros. Vocês cobraram de mim, durante dez anos, que o câmbio fosse flutuante, agora querem que eu determine o valor da moeda.
Segundo ele, ''a seriedade veio para ficar'' na economia. - Não haverá medidas em função do ano eleitoral, não terá medidas para ajudar o candidato a presidente ou o candidato a governador ou o candidato a deputado. Nosso mandato é passageiro, mas as políticas públicas consistentes são duradouras.
Em entrevista após o discurso de Lula, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, insistiu nas críticas à política de juros do governo federal.
- Não acredito em crescimento sustentável com os juros mais altos do mundo, afirmou Skaf, referindo-se à taxa Selic, hoje em 19,5% ao ano. O coordenador do Comitê da Cadeia Produtiva da Construção Civil da entidade, José Carlos de Oliveira, cobrou a diminuição do ''custo Brasil'' e uma política industrial concreta.
Quando inaugurou, mais tarde, um congresso de metalúrgicos, Lula abordou temas políticos. Disse que não tem ''paixão'' pela reeleição mas caberá ao povo decidir se dedseja ou não que ele se candidate de novo (FP).