Correio Braziliense, n. 21712, 27/08/2022. Política, p. 4

Os cabos eleitorais de luxo

João Gabriel Freitas


No início da propaganda eleitoral obrigatória no rádio e na tevê, candidatos aos governos locais lançaram mão dos líderes da corrida presidencial para conquistar votos. Antes de estrearem suas próprias campanhas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) estrearam como padrinhos políticos de diversos aliados pelo Brasil.

No Distrito Federal, Jair Bolsonaro não participou da divulgação de Ibaneis Rocha (MDB) porque o PL não integra a coligação pela reeleição do governador. No entanto, no bloco destinado aos postulantes ao Senado, o presidente foi um dos cabos eleitorais da peça de campanha Flávia Arruda (PL), enquanto a primeira-dama, Michelle, abriu o vídeo da ex-ministra Damares Alves (Republicanos).

Líder nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o principal destaque da propaganda de Leandro Grass (PV), candidato ao GDF. Os primeiros 23 segundos da peça promocional foram usados exclusivamente para atrelar Grass ao ex-presidente. Já a candidata do PT ao Senado, Rosilene Corrêa, abriu sua participação conversando ao telefone e dizendo que ela é “a candidata do Lula”.

Os demais candidatos ao GDF preferiram não usar as candidaturas presidenciais nos respectivos programas de estreia. Ibaneis Rocha (MDB), que busca a reeleição, e Izalci Lucas (PSDB), ignoraram a candidata Simone Tebet (MDB), assim como Leila Barros (PDT), que não citou o presidenciável do partido dela, Ciro Gomes. O vice-líder nas pesquisas para o GDF, Paulo Octávio, disputa a eleição pelo PSD, que não está vinculado a nenhum nome da corrida presidencial.

Na última pesquisa Correio/Opinião, Lula, com 39% das intenções de voto, e Bolsonaro, com 36,7%, estão tecnicamente empatados na disputa pelos votos do eleitor brasiliense. Ciro Gomes tem 7,2%, e Simone Tebet, 3,1%.

Em São Paulo, Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) também usaram os candidatos ao Palácio do Planalto como cabos eleitorais de luxo. Na peça do petista, que lidera as pesquisas, Lula e o vice, Geraldo Alckmin (PSB), pedem votos ao aliado.

Para endossar a campanha de Tarcísio de Freitas, o presidente Bolsonaro exaltou qualidades do seu ex-ministro. “Um dos melhores ministros da Infraestrutura que tivemos no Brasil. Estou fechado com o Tarcísio”, disse o presidente.

Em Minas Gerais, Alexandre Kalil (PSD) destacou a aliança com Lula, que gravou um depoimento em que diz que vai trabalhar com Kalil por Minas Gerais e pede votos para o candidato. “Eu e Lula vamos fazer Minas Gerais melhor e um país melhor”, destaca o candidato na propaganda.

Em Pernambuco, Bolsonaro aparece no vídeo de Anderson Ferreira, do PL. Danilo Cabral (PSB) — quinto lugar nas pesquisas — foi quem mais levou padrinhos famosos para a estreia do horário eleitoral. Além de uma fala Lula, ele exibiu fotos ao lado do ex-governador Eduardo Campos, que morreu em um acidente aéreo na disputa presidencial de 2014.

No Rio Grande do Sul, Bolsonaro foi citado e apareceu no clip de Onyx Lorenzoni (PL). Lula apareceu apenas na propaganda de Olívio Dutra, nome do PT ao Senado. O ex-presidente também gravou para Edegar Pretto (PT), que concorre ao governo do estado, mas o programa eleitoral não foi exibido.

*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Doria

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