Título: Pressionada, comissão resolve agir
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 05/10/2005, País, p. A3

Depois de uma semana praticamente parada, a CPI dos Correios procurou mostrar serviço e aprovou ontem 52 requerimentos. Entre eles a quebra de sigilos bancários de onze corretores de valores que teriam operado e causado prejuízos para fundos de pensão ligados a estatais. A quebra de sigilos abrange as empresas de aviação Skymaster e seus sócios, que participaram de concorrências dos Correios, além do ex-presidente da estatal, João Henrique de Almeida e do ex-diretor de tecnologia, Eduardo Medeiros.

A comissão também aprovou o envio de requisição de informações ao Departamento de Aviação Civil (DAC) sobre aviões da Brasil Telecom, além de cópia de todos os contratos da Secretaria de Comunicação (Secom) com agências de publicidade, de 1994 a 2005. Na lista dos requerimentos aprovados, estavam ainda a convocação dos doleiros Najum Turner e Alberto Yussef, do dirigente da GDK, Cesar Oliveira, que presenteou o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira com um Land Rover, além do diretor de exploração da Petrobras, Guilherme Estrela.

Preocupado com a lentidão dos trabalhos das CPI, o presidente do Senado, Renan Calheiros está tentando turbinar as investigações. Para isso, Renan resolveu contratar empresas de consultoria e vai fornecer pelo menos mais cinco consultores da Casa para cada CPI. Ele negou, no entanto, que esteja preocupado com a repercussão das CPIs em período eleitoral.

- Usaremos todos os meios para acelerar os trabalhos porque a sociedade cobra resultados. Mas é claro que se houver necessidade de ampliar prazos não vou me contrapor. Inclusive, se precisar, vamos estender os trabalhos no recesso parlamentar - previu.

O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), admitiu que para o governo não é nada bom ter um CPI em curso em pleno ano eleitoral. Mas negou que os governistas estejam armando o enterro das investigações.

- Todo cuidado é pouco, mas prefiro uma ceia de Natal com frango e castanha do Pará, a servir uma pizza. Não combina com ceia de Natal - brincou ao afirmar que se necessário levará as investigações até o ano que vem.

Delcídio está à frente da contratação das empresas de consultoria. Ontem, se reuniu com três delas: a PriceWaterhouse, a KPMG e a Bousinhas & Campos.