Título: CPI quebra o sigilo de 11 corretoras
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 05/10/2005, País, p. A3

A denúncia de uma nova Operação Abafa e a ameaça de renúncia do presidente da CPI dos Correios gerou um repentino surto de agilidade no Congresso. Um dia depois de Delcídio Amaral espernear contra os parlamentares da base de apoio governista ¿ que se negaram a dar quórum para que fosse quebrado o sigilo das corretoras que operavam para os fundos de pensão ¿ o panorama mudou radicalmente. Foi quebrado não só o sigilo das corretoras, como também o do Banco Opportunity, de Daniel Dantas. Enquanto os parlamentares arranjavam mais trabalho, o presidente do Senado, Renan Calheiros, fracassava na tentativa oposta: a de apressar a conclusão das atividades das CPIs dos Correios, Mensalão e Bingos. A idéia de Renan era evitar que as investigações continuassem em 2006, ano de eleições. Ontem, depois de reunião com os presidentes das três comissões de inquérito, o presidente do Senado não conseguiu a garantia de nenhum deles de que será possível concluir os trabalhos até 15 de dezembro, fim do ano legislativo.

Se Renan desafia as comissões a acelerar e encerrar os trabalhos, a Corregedoria da Câmara e o Conselho de Ética não desistem de um incômodo jogo de empurra. Nenhuma quer assumir o pesado ônus de ser a responsável pela eventual absolvição de um quantidade expressiva de cassáveis. Por isso, cada uma joga nas costas da outra a tarefa de detalhar os eventuais motivos que poderiam levar os parlamentares a perder o mandato por falta de decoro, como principais envolvidos no escândalo do mensalão.