Título: Petista contradiz Valério
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 05/10/2005, País, p. A4

Em depoimento à CPI do Mensalão, o ex-presidente da Casa da Moeda, Manoel Severino dos Santos, admitiu ter recebido R$ 100 mil das contas de Marcos Valério Fernandes de Souza. O dinheiro de caixa 2 foi usado na quitação de dívidas da campanha de Benedita da Silva ao governo do Rio de Janeiro em 2002. Manoel Severino contradisse Valério e negou que tenha recebido R$ 2 milhões das contas do Banco Rural.

O ex-presidente da Casa da Moeda, que foi tesoureiro da campanha de Benedita, disse que não cuidou do levantamento desses recursos. Manoel Severino informou que a campanha de Benedita custou R$ 2,6 milhões. Segundo ele, ficaram dívidas de cerca de R$ 170 mil, motivo que o levou a pedir ajuda do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, para quitar a dívida de campanha.

De acordo com a lista de saques apresentada por Valério, o petista teria recebido R$ 2,6 milhões, valor idêntico ao declarado nos gastos de campanha de Benedita. Sobre a coincidência dos números, o ex-tesoureiro disse que os valores não têm ligação, já que a prestação de contas da campanha, feita em 2002, já que os supostos saques ocorreram entre abril de 2003 e julho de 2004.

O ex-tesoureiro de Benedita admitiu ainda ter se encontrado com Valério sete vezes entre 2003 e 2005. Ele disse que foi procurado por Valério, que lhe ofereceu uma campanha de publicidade para a Casa da Moeda, no Rio e ele disse não ter aceitado. Segundo Severino os demais encontros ocorreram porque Valério queria informações sobre a produção de campanhas publicitárias para a Prefeitura do Rio.

Manoel Severino reconheceu que partiu dele a iniciativa de ter outros encontros com Marcos Valério --três deles ocorridos em 2003, um em 2004 e dois em 2005. Ele alegou que queria que o empresário intermediasse reuniões dele com a empresa Brasil Telecom, pois a Casa da Moeda estava interessada em voltar a produzir cartões telefônicos.