Título: PFL reabre disputa interna
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 05/10/2005, Brasília, p. D3

As costuras políticas iniciadas na semana passada não foram concluídas com o fim do prazo estipulado pela legislação eleitoral para acomodações partidárias. No PFL, onde parecia definido um acordo entre o deputado federal José Roberto Arruda e o senador Paulo Octávio, pré-candidatos à sucessão do GDF, o cenário começa a ser mexido. Os dois vêm dialogando nos últimos dias a fim de acertar arestas e tentar chegar a um único nome para concorrer ao Palácio do Buriti antes mesmo da convenção da legenda, que acontecerá em junho do ano que vem. De acordo com pefelistas, depois de recusar o convite do governador Joaquim Roriz para se filiar ao PMDB, Arruda teria acertado com Paulo Octávio preferência na indicação interna para disputar o apoio do governador Joaquim Roriz. Publicamente, o senador nega que tenha saído do páreo. Os desentendimentos internos agora giram em torno de uma possível reversão deste ponto do acordo. Mas o grupo arrudista promete pressionar para que o deputado mantenha-se à frente.

A divulgação, neste fim de semana, de uma pesquisa de opinião sobre quem seria o melhor candidato com o apoio de Roriz teria acirrado ainda mais os ânimos entre os pré-candidatos. A pesquisa mostra Arruda com 38% na preferência dos eleitores, seguido por Paulo Octávio, com 21%, e pela vice Maria de Lourdes Abadia, 12%. O secretário da Agência de Infra-Estrutura e Desenvolvimento Urbana, Tadeu Filippelli, chega, de acordo com a sondagem, em quarto lugar com 3% e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Maurício Corrêa, recém-chegado ao PMDB, soma 2%.

Como nos últimos dias Roriz vem dizendo que seu candidato será escolhido com base principalmente na aceitação popular, nos bastidores o grupo arrudista ficou animado. Por outro lado, os outros quatro pré-candidatos questionaram o significado da pesquisa. Para evitar manifestações antecipadas com relação a uma potencial preferência do governador a Arruda, Roriz fez um discurso inflamado em Ceilândia na última segunda-feira, assegurando que deixará nas mãos de cada partido a escolha de seus candidatos. Horas depois, na residência oficial Águas Claras, o governador reuniu-se com Abadia, Paulo Octávio e Filippelli, e durante o encontro Roriz teria rasgado o documento que trazia o acordo assinado pelos pré-candidatos na semana passada.

- O governador realmente não vai indicar ninguém agora, só no ano que vem - afirma um governista.

Na noite da última segunda-feira, a executiva do PFL teria um encontro para discutir o recuo de Paulo Octávio. No entanto, o próprio senador não participou. Ele chegou até a ante-sala da reunião, mas não entrou.

- Ele recebeu uma ligação e teve que sair. Não tem nada a ver com a sucessão. O assunto não foi abordado - garantiu a deputada Eliana Pedrosa, ligada ao senador.

Na iminência da saída de Arruda do PFL, na semana passada, a executiva nacional chegou a ser acionada pelos pefelistas, receosos da debandada que o deputado ocasionaria ao arrastar seus aliados para o PMDB. Segundo o senador José Jorge (PE), vice-presidente do PFL, Paulo Octávio e Arruda fecharam acordo. Quem estiver melhor nas pesquisas de opinião à época da candidatura poderá concorrer ao Palácio do Buriti. Pelo acordo, o pré-candidato não precisará disputar a indicação na convenção do partido.

- A executiva não patrocinou o acordo, mas incentivou o trato feito pelos dois envolvidos - afirmou José Jorge, defendendo que as indicações sejam feitas apenas no ano que vem.