Título: PT pode apoiar Agnelo para o Buriti
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 05/10/2005, Brasília, p. D3
A eleição do deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP) para a presidência da Câmara dos Deputados como candidato oficial do Palácio do Planalto poderá ser simbólica para as eleições do ano que vem. O PC do B, histórico aliado do PT, poderá ser beneficiado nos estados liderando alianças que garantam palanque para o presidente Lula, candidato a reeleição, sem a pressão do partido do Planalto, atacado por denúncias de corrupção. No DF, cresce entre os próprios petistas as perspectivas de que a legenda abra mão de uma cabeça de chapa em favor do PC do B. Caso a idéia se concretize, o nome que emergirá na composição das esquerdas será o do ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz. Eleito deputado federal para o segundo mandato consecutivo com 98,5 mil votos, e licenciado da Câmara dos Deputados desde o início do governo Lula, Agnelo conta com ampla simpatia no seio petista. O deputado Wasny de Roure (PT), que assumiu a vaga de Agnelo no Congresso, acredita que a possibilidade pode ser viável, desde que a orientação do PT nacional seja no sentido de abrir caminho para aliados na disputa pelo Palácio do Buriti.
- Apesar de comandar um ministério de pouca expressão e pouco recurso ele [Agnelo]vem desenvolvendo um bom e criativo trabalho. Mas esse processo também passa por uma reflexão em plano nacional - avalia Wasny.
O deputado acredita que no DF a participação do PT em uma chapa como vice essa poderá ser uma boa saída para driblar o enfraquecimento do partido na capital dos servidores públicos a partir de medidas pouco populares como a Reforma da Previdência. Outra preocupação do partido é a perspectiva de votos no DF por conta das denúncias de corrupção.
Para um petista ligado à cúpula nacional, a indicação de Aldo Rebelo para presidir a Câmara dos Deputados, cargo estratégico para o Planalto, já sinaliza maior abertura para os aliados do PC do B. Mas o possível recuo do PT, que sempre lançou chapas majoritárias para fortalecer a legenda, dependerá da tática que guiará a reeleição de Lula e não apenas da ''vontade'' dos diretórios estaduais.
- Este diálogo só deve ser aberto no final do ano, quando passar este clima de CPIs. Lula é candidato agora, mas ninguém sabe se esse quadro mudará - afirma.
No entanto, a abdicação de uma candidatura própria ao GDF encontrará resistências internas. Ardente defensor de uma chapa petista ao Palácio do Buriti, o deputado distrital Chico Vigilante, recém-eleito presidente do PT-DF, rechaça qualquer possibilidade de a legenda não sair com independência para o pleito. Vigilante acredita que, para se adaptarem à legislação eleitoral e ultrapassarem as cláusulas de barreiras, partidos menores como PPS, PCdoB e PDT lançarão nomes próprios em vários estados, descolados do PT.
- Não há como transferir a militância. É o tipo de pedido que não temos como aceitar, jamais - enfatiza o novo presidente.
Por causa da crise, as baixas no PT-DF foram significativas. O senador Cristovam Buarque, agora no PDT, e a deputada federal Maninha, filiada ao PSol, eram cotados como dois fortes nomes para a sucessão. As prévias do PT-DF acontecerão no ano que vem, e até agora têm como postulantes o ex-deputado Geraldo Magela, que concorreu ao GDF em 2002, o federal Sigmaringa Seixas e os distritais Arlete Sampaio e Chico Leite.