Título: Banco de fomento ao emprego
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 05/10/2005, Economia & Negócios, p. A20

Mais propensas a investir, as empresas que tomam recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) empregam 60% mais gente do que as companhias não apoiadas mas com o mesmo porte dos clientes do banco. Foram analisadas 10,3 mil empresas financiadas com 1,8 milhão de funcionários, no levantamento realizado pelo banco, com dados dos últimos quatro anos.

De 2000 a 2004, foram abertas 353 mil vagas nas fábricas contempladas com recursos do BNDES. No mesmo período, as não-financiadas cortaram 40 mil vagas, considerando empresas com perfil semelhante ao dos clientes do banco.

Mesmo sem levar em conta o universo traçado pelo BNDES e incluindo todas as empresas do cadastro de empresas do Ministério do Trabalho, os números provam o impacto positivo da atuação do banco. O total de trabalhadores nas empresas que tomaram financiamento do banco cresceu 23% de 2000 a 2004. Nas 3,6 milhões de companhias que não tomaram financiamento, o crescimento foi bem menor: de 8%. Quando a comparação leva em conta as não apoiadas com perfil semelhante, observa-se redução de 3% das vagas.

- Essa apresentação é uma prestação de contas, já que a maior parte dos recursos do banco vem do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) - afirmou o presidente do BNDES, Guido Mantega, ao lado de representantes das centrais sindicais. Eles cobram há décadas estudos sobre o impacto dos financiamentos sobre o emprego como contrapartida ao uso do FAT.

O maior empurrão do BNDES no emprego acontece nas micro, pequenas e médias empresas. Este grupo elevou em 29% o número de funcionários, enquanto os pequenos empresários que não contaram com dinheiro do banco mantiveram estáveis os postos de trabalho. Entre as grandes, houve corte de 5% no emprego das que não tomaram recursos. Já as maiores com crédito do BNDES aumentaram 20% do quadro de pessoal.

O levantamento contraria a expectativa negativa de que o banco, ao financiar a modernização de empresas, estaria estimulando o corte do emprego.

- Seria possível que estivéssemos marcando gol contra e, diante desta acusação, fizemos este exercício - diz o diretor de Planejamento do BNDES, Antonio Barros de Castro.

- É surpreendente. Antes, os recursos eram usados na privatização e agora temos a surpresa de o banco levar ao aumento dos postos de trabalho - avalia o presidente da CUT, João Felício.

BNDES e sindicalistas apontaram que a economia passa por uma ''nova modalidade de crescimento'', pela qual o país cresce, a produtividade também, mas com geração de empregos, ao contrário do que ocorreu na década de 90.