Valor Econômico, v. 20, n. 4845 26/09/2019. Brasil, p. A8
 

Quadro de servidores cresce 3,4% em Estados e municípios em 2018
 Bruno Villas Bôas 
 

Apesar da crise fiscal de governos estaduais e prefeituras, o pessoal ocupado nas administrações públicas direta e indireta das duas esferas cresceu 3,4% de 2017 para 2018, passando de 9,34 milhões de pessoas para 9,66 milhões, segundo as pesquisas de Informações Básicas Municipais (Munic) e Estaduais (Estadic) divulgadas ontem pelo IBGE.

Esse avanço do total de servidores, que não inclui as estatísticas federais, foi três vezes maior do que o crescimento da população no período. O país tinha 208,5 milhões de habitantes em 1º de julho de 2018, 0,82% a mais que no mesmo dia do ano anterior.

Na esfera estadual, o total de pessoal cresceu de 3,02 milhões em 2017 para 3,13 milhões em 2018, aumento de 3,7%. Esse avanço foi concentrado nos trabalhadores sem vínculo, que cresceram 41% de um ano para o outro, o correspondente a 413 mil pessoas a mais.

Vânia Pacheco, gerente das pesquisas, disse que a variação pode estar ligada ao ciclo eleitoral, assim como à simples falta de pessoal no setor público. “São pessoas que podem ter sido contratadas temporariamente em 2018 e que estarão fora do setor público em 2019”, disse.

O avanço é semelhante nos municípios. O número de ocupados nas administrações direta e indireta municipais foi de 6,5 milhões em 2018, 3,2% acima do ano anterior (6,3 milhões). A maior parte estava na administração direta, na condição de estatutários (62,2% do total).

A pressão orçamentária sobre os governos estaduais afetou, porém, o setor de cultura. O número de unidades com centro cultural sob gestão estadual recuaram de 23 para 20 nos últimos quatro anos. O total de Estados com arquivos públicos estaduais caiu de 20 para 17. Museus estavam presentes em 27,2% das cidades do país em 2014, proporção que encolheu para 25,9% no ano passado.

Em paralelo, as prefeituras vêm aumentando a terceirização da gestão de estabelecimentos de saúde, como hospitais e clínicas. O número de unidades municipais sob gestão de organizações sociais cresceu de 997 em 2014 para 1.756 em 2018, incremento de 76%, no período.

Chamadas de OS, essas organizações são entidades privadas qualificadas para firmar contratos de gestão de parceria na saúde. O número de municípios com presença dessas organizações sociais cresceu no período, de 182 em 2014 para 270 em 2018. O resultado foi puxado pelo Estado de São Paulo. São 1.113 unidades sob gestão das OS no Estado, espalhadas por 123 municípios.