Correio Braziliense, n. 21721, 05/09/2022. Política, p. 3

Simone em agenda católica

Taísa Medeiros
Fernanda Strickland


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência da República pelo PT, e a candidata emedebista Simone Tebet fizeram campanha, ontem, no estado de São Paulo. A religião permeou os discursos de ambos os candidatos. A senadora esteve, pela manhã, com o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, no Convento Redentorista, no Santuário de Aparecida, no Vale do Paraíba. Após a visita, participou de missa na Basílica de Nossa Senhora Aparecida. “Vim pedir proteção a Nossa Senhora”, disse. Dom Orlando definiu Simone como uma candidata bem preparada.

Em entrevista, Tebet disse que a visita tinha um cunho pessoal, mas não deixava de guardar relação com o momento político pelo qual o Brasil passa. “Para mim, não há nada sem a fé. Ela nos move. Então, venho com minha fé e busco aqui a paz que preciso para continuar. Vim também pedir proteção para o país. A mesma paz que sempre peço para todas as famílias brasileiras, hoje vou pedir reforçada”, completou.

Segundo ela, o sentido da oração a São Francisco está sendo invertido no Brasil: “Onde há amor, está se levando ódio; onde há união, desarmonia; e onde há a verdade, fake news. Que Nossa Senhora Aparecida possa realmente abençoar o Brasil nestes próximos 30 dias e que a população brasileira, pelo voto, faça sua escolha de acordo com sua consciência e coração”.

Simone frisou a importância do Estado laico, mas reiterou o papel do governante em garantir a harmonia entre as religiões: “Tem que estar ao lado da fé, ao lado do povo. O povo brasileiro é um povo que tem várias religiões, mas todas elas convergem para o mesmo Deus”.

 

Fé e fake news

Em conversa com trabalhadoras domésticas no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente Lula chamou seu principal oponente, o atual mandatário Jair Bolsonaro, de mentiroso — especialmente no que tange à religião. “A maior mentira que ele conta por dia é evocar Jesus toda hora. Vocês aqui, devem ter evangélicas presentes, vocês sabem nos olhos dele que ele está mentindo. Ele usa o nome de Jesus em vão, que é para tentar enganar a boa-fé das mulheres e dos homens cristãos deste país. Nós queremos estabelecer outra relação com a sociedade”, disse.

Lula voltou a destacar a importância das mulheres para o país, em mais um movimento na direção do eleitorado feminino. O ex-presidente disse sentir orgulho de ter indicado a primeira mulher que ocuparia, depois, a Presidência da República. “A Dilma (Rousseff) foi tirada do governo por uma sacanagem, foi tirada por uma bicicletada que ele (o presidente Jair Bolsonaro) disse que ela deu”, afirmou. “O tal do cara que votou para tirar ela, nem bicicletada dá: dá motociata, todo dia tem motociata. Você percebeu que ele não tem coragem de fazer comício? E, quando ele vai, é para fazer comício com os militares, com os militantes dele. Ou seja, ele não se mistura com o povo pobre porque ele sabe que ele mente demais”, criticou.

O candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin, endossou o argumento do companheiro de chapa dizendo que um bom governo começa pela campanha. “Programa de governo se faz assim, ouvindo, dialogando e participando, e não fazendo motociata nem jetski, mas, sim, junto com a população”, afirmou. “Dia 2 de outubro, na democracia, quem manda é o povo, é o povo que escolhe. Como é que se pode escolher quem é contra a democracia? Que é contra ao voto, e não apenas à urna eletrônica, mas também contra ao voto popular”, questionou o vice de Lula.

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