Título: O agressor que mora ao lado
Autor: Gustavo de Almeida
Fonte: Jornal do Brasil, 08/10/2005, Rio, p. A13

Das 32.340 vítimas analisadas pela equipe do Necvu, foram retiradas 6.722 classificadas como ''encontro de cadáver'', no qual não havia como discriminar entre arma de fogo, arma branca ou mal súbito. Dos 25.618 restantes, apenas 1.450 tinham relação de conhecimento com o autor do crime. Outros 12.632 são catalogados como ''desconhecidos'' e para surpresa do sociólogo Michel Misse, 11.536 eram sem informação ou ignorado. Analisando, porém, os 1.450 casos em que havia relação entre vítima e agressor, a conclusão é assustadora: 25% dos ''criminosos'' de ocasião eram vizinhos da vítima, que cometeram o crime por impulso. O que, na opinião do sociólogo, é determinante: - No crime premeditado, se escolhe entre a arma branca e a de fogo. No crime por impulso, a arma de fogo está à mão e é usada no lugar de um soco, por exemplo.

O quesito ''parentes'' responde por 18% dos 1.450 casos analisados, mostrando que a presença das armas no caso acabaram provocando uma tragédia familiar. Em seguida vêm os crimes passionais, dividos em duas categorias: ''relacionamento afetivo atual'' (16%) e ''relacionamento afetivo do passado'' (3,3%).

O Necvu tem outra pesquisa em andamento, que talvez fizesse mais diferença ainda para os partidários do Sim durante a campanha eleitoral para o referendo do dia 23. Os primeiros números informam que de 128 reações armadas de vítimas de latrocínio, 58 terminaram com a morte daquele que reage com revólver em punho, ou seja, 44% - e o perigo da arma em casa é um dos principais argumentos da atual campanha eleitoral.