Título: Justiça decreta prisão de quatro agentes
Autor: Ricardo Albuquerque
Fonte: Jornal do Brasil, 06/10/2005, Rio, p. A15

Grupo é acusado de sacar R$ 17 mil depois do furto de cheques em 2004 e estaria envolvido em outros quatro crimes

Quatro agentes federais - três deles lotados na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) - tiveram a prisão temporária decretada, ontem, pelo juiz Rodolfo Kronenberg Hartmann, da 2ª Vara Federal Criminal. Eles são acusados de sacar R$ 17 mil depois do furto de 23 cheques em branco do Clube Privê Cinco Estrelas, em Jacarepaguá, onde era promovida a rinha de galos estourada pela Operação Rudis, em 21 de outubro de 2004. De acordo com as investigações, os policiais estão envolvidos com outros quatro crimes, entre eles, o roubo de R$ 2 milhões em notas de euro, dólar e real há 19 dias da Superintendência da Polícia Federal, na Praça Mauá, e a troca de 17,5 dos 20 quilos de cocaína por outra substância ainda não identificada pela perícia. O dinheiro e a droga estavam armazenados na sala-cofre da DRE, no quarto andar do prédio da instituição, onde 2,5 toneladas de entorpecentes aguardam autorização judicial para serem incineradas.

Os policiais detidos respondem por peculato, formação de quadrilha e coação de testemunhas e, caso sejam condenados, podem pegar até 20 anos de prisão. O escrivão Fábio Marot Kahir e os agentes Adilson Álbio Vieira, Ivan Carlos Mauez - os três da DRE - e Marcos Paulo da Silva Rocha, da Delegacia de Dia, permanecem detidos na sede da superintendência, na Praça Mauá, e devem ser transferidos, hoje, para o Ponto Zero, em Benfica. Mauez e Adilson teriam participado da Operação Caravelas, dia 15 de setembro, quando foram apreendidos 1.691 quilos de cocaína e os R$ 2 milhões. O chefe do cartório, Flávio Kahir, responsável pela estocagem dos produtos, responde também por negligência na sindicância aberta para apurar falhas administrativas.

O delegado regional executivo (Drex), Roberto Prel, confirmou que os detidos também são investigados nos inquéritos que apuram o furto de R$ 2 milhões, a troca da cocaína por outra substância, o roubo de uma empilhadeira na Baixada Fluminense e dois homicídios.

- Há indícios de que os policiais detidos hoje (ontem) estão envolvidos nos outros inquéritos. Dois deles exclusivamente no roubo das notas apreendidas pela Operação Caravelas - disse Prel.

A força-tarefa da PF cumpriu sete mandados de busca e apreensão e quatro de prisão temporária - válidos por cinco dias - entre eles, um na Barra e em Copacabana e outro na Região dos Lagos. Com base nas investigações, o delegado Roberto Prel acredita que o juiz da 2ª Vara Federal Criminal vai prorrogar o prazo por mais cinco dias. A expectativa é de que a prisão preventiva seja decretada até amanhã.

Segundo agentes da força-tarefa, os dois comerciantes chamados para depor há uma semana comprovaram o envolvimento dos policiais detidos com o furto dos cheques. Os investigadores constataram que três cheques no valor total de R$ 17 mil foram sacados, além de terem encontrado 20 cheques sustados (R$ 81 mil) assinados pelos proprietários do clube onde era promovida a rinha de galos. Na ocasião, o publicitário Duda Mendonça e o vereador Jorge Babu (PT) foram detidos por 24 horas depois de serem flagrados fazendo apostas. Duda e Babu pagaram fiança no valor de R$ 1 mil.