Título: Entrevista: Ricardo Berzoini
Autor: Paulo Celso Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 09/10/2005, País, p. A7
¿ Como pretende conduzir o partido neste momento de crise? ¿ Precisamos fazer um bom balanço do desempenho do governo. Avaliar os avanços, ver onde há deficiências e constituir no partido uma avaliação da política nacional e das alianças. Enfrentaremos em 2006 eleições em 27 Estados, e não precisamos repetir neles as alianças governamentais. Mas é bom manter relacionamento saudável e franco entre os partidos, para que mesmo onde não haja acordo, mantenhamos o respeito mútuo.
¿ Isso significa que pode haver alianças com PL e PP?
¿ O quadro ainda está muito confuso, mas à priori não temos veto a nenhum partido. No entanto, primeiro precisamos debater com nossa militância. O PT definiu em 2002 uma política de ampliar o arco de alianças por entender que era importante para superar o governo Fernando Henrique. Acreditamos que essa aliança com o PL tem e teve prós e contras, mas isso faz parte da política. Não se faz alianças só com iguais, por isso vamos avaliar com calma.
¿ Quais são os principais problemas do partido?
¿ São muitos problemas. Temos a crise financeira e um ambiente interno tenso. Por isso, estamos buscando no processo eleitoral fazer uma balanço o mais consensual possível.
¿ Como avalia a candidatura de Raul Pont?
¿ É uma candidatura que respeito, mas temos posicionamentos diferentes. Raul tem uma avaliação crítica, diria que até negativa, do governo. Eu tenho uma avaliação positiva. É um governo que tem um conjunto de políticas muito positivas. Numa eleição, o partido que for disputar precisa valorizar o que fez, não criticar. Esse quadro se colocará no próximo ano para o PT e meu adversário aparente tem uma avaliação diferente sobre o governo.
¿ Como o senhor avalia a saída em massa de militantes após o primeiro turno?
¿ Não trabalho com a idéia de uma saída em massa. A saída de pessoas, cerca de mil, foi muito pequena diante dessa imensa massa dos 314 mil filiados que foram votar.
¿ Como avalia as acusações de que o Campo Majoritário excluiu as outras correntes da condução do partido?
¿ O Campo Majoritário sempre conviveu com as demais correntes e muitas delas participaram do processo de condução do partido. Não há esse quadro de exclusão que muitas alegam. No entanto, acredito que depois das eleições internas devemos aprofundar ainda mais essa relação, abrindo mais espaço para debates nos encontros e fóruns internos. Mas é necessário que depois que a maioria vote, as decisões sejam respeitadas.
¿ O que pretende, como presidente, mudar no governo?
¿ O governo é maior do que o partido, logo, não cabe ao PT estabelecer mudanças. Apenas levaremos ponderações que possam contribuir para o crescimento do governo.