Título: No Rio, disputa 'light'
Autor: Paulo Celso Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 09/10/2005, País, p. A7
Longe da polarização nacional, o Rio decide hoje quem será o presidente do diretório estadual escolhendo entre dois candidatos que no início cogitaram até mesmo uma aliança. Alberto Cantalice e Jurema Batista, apesar de pertenceram a tendências diferentes, sempre foram aliados no Diretório Nacional.
Adversários nas urnas, Cantalice, que pertence ao Campo Majoritário, e Jurema, integrante do Movimento PT, são representantes da disputa entre caciques pelo controle do partido no Rio.
De um lado, Alberto Cantalice, desconhecido nome de Nova Iguaçu e apoiado pelo grupo do ex-secretário nacional de Comunicação do PT, Marcelo Sereno e pelo deputado federal Jorge Bittar. Acusado de ser um dos comandantes do mensalão, Sereno foi o responsável pelo lançamento da campanha de Cantalice. Do lado de Jurema, está o deputado federal Carlos Santana, que assim como o ex-secretário de Comunicação, também teve seu nome envolvido em denúncias. Santana é acusado de irregularidades no fundo de pensão dos ferroviários.
Jurema e Cantalice têm um histórico político diferente. Candidato mais votado no primeiro turno, o integrante do Campo Majoritário faz parte da máquina partidária. Além de Sereno e Bittar, apoiaram a candidatura o deputado federal Luiz Sérgio e o estadual Gilberto Palmares. Pelo bom relacionamento com os diretórios do interior do Estado, Cantalice é do projeto eleitoral do Campo Majoritário, que quer o PT mais forte fora das capitais.
Jurema aglutina setores sociais ligados ao movimento negro e evangélico, por isso, de alguma forma, é conhecida como uma representante mais jovem da ex-governadora Benedita da Silva. A proximidade com movimentos populares faz com que a candidata se denomine ''centro-esquerda''.
Seguindo a tendência de disputas não polarizadas, Milton Mano presidirá o diretório municipal do Rio, contrariando a previsão de um segundo turno com Luiz Cláudio. Os dois candidatos fizeram um acordo e Mano ganhou o diretório sem precisar enfrentar novamente as urnas. Mano é ligado a movimentos religiosos e foi derrotado nas últimas eleições à Câmara Municipal.