Título: Agora, a disputa é pela pauta
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 04/10/2005, País, p. A4

O Planalto e o Congresso estão interessados na retomada da agenda de votação do Legislativo. O maior empecilho é encontrar um consenso entre os desejos de governo e oposição, para que as disputas políticas não se sobreponham à infinidade de projetos parados na Câmara. Hoje, os líderes partidários encontram-se, mais uma vez, com o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), para buscar alternativas que permitam a desobstrução da pauta .

O presidente Lula também articula para hoje uma reunião com os presidentes da Câmara e Senado. A intenção do presidente é arrumar uma maneira de ''ganhar o resto do semestre'', na definição de um auxiliar do Planalto, que passaria pelo estabelecimento de uma agenda mínima de votações no rastro da vitória de Aldo à presidência da Câmara. Para alcançar o objetivo, Lula deve voltar a ter uma participação mais ativa na condução do comando político do governo. Além da audiência com Aldo e Renan Calheiros (PMDB-AL), Lula pretende se reunir com líderes e presidentes dos partidos governistas no Congresso.

O principal nó continua sendo a reforma política. Depois da falta de consenso na última quinta, a tendência é que o assunto perca força. O Planalto diz que não vai trabalhar contra a prorrogação para 31 de dezembro, mas teme que a discussão jogue areia nas pretensões de Lula de colocar um ponto final na crise por meio da retomada das votações no Congresso. Aliados e oposicionistas ainda admitem a possibilidade de votar a emenda constitucional do deputado Ney Lopes (PFL-RN), que prorroga a discussão do tema até 31 de dezembro.

- A discussão sobre a reforma tem que ser travada. Isso não quer dizer que valerá para a próxima eleição - resumiu Renato Casagrande (PSB-ES).

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ) afirmou que é a bancada governista quem apresenta propostas absurdas, como a redução da cláusula de barreira.

- Nós sempre quisemos votar matérias, quem obstruiu as votações no primeiro semestre foram eles - acusou.

O líder do governo na Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP) lembra que as propostas que tramitam na Câmara propondo mudanças na legislação política e eleitoral são todas de autoria de parlamentares da oposição: os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Jorge Bornhausen (PFL-SC) e o deputado Ney Lopes (PFL-RN).

- Por que nos acusam de casuísmo? A reforma política é uma necessidade para o país. Não é um assunto que interessa ao governo, mas aos partidos - devolveu Chinaglia.

O presidente da Câmara, prometeu ontem instalar a comissão especial para analisar a emenda que prorroga o prazo para alterações na reforma política até o dia 31 de dezembro.