Título: INSS paga 237.186 jovens
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 04/10/2005, Economia & Negócios, p. A17

Cerca de 10% dos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que passarão pelo recadastramento nesta primeira fase têm até 19 anos. São ao todo 237.186 pessoas. O governo evita falar em fraude e explica que esses segurados possivelmente são filhos de pensionistas que perderam os pais, porém seguem recebendo o benefício até completar a idade adulta. ¿ Não podemos falar em fraudes até que se chegue ao resultado da atualização cadastral ¿ afirma o ministro da Previdência, Nelson Machado.

Observando-se os dados dos que passarão pela malha fina do governo, outros dados saltam aos olhos. O número de beneficiários com mais de 100 anos que serão chamados chega a 22,8 mil. Para se ter uma idéia, a expectativa de vida média de um brasileiro ao nascer é de 71,3 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas não é esse grupo de segurados que serão convocados para o recadastramento que mais preocupa o governo, e sim os classificados como ¿sem informações¿. Eles somam meio milhão de pessoas e terão que fornecer seus dados para continuar recebendo.

Sobre eles, o governo não tem dados fundamentais, como a idade. Vinte por cento dos recrutados para o recadastramento fazem parte desse grupo. O problema nasceu quando a base de dados da Dataprev foi digitalizada, em 1995. Muitas informações dos segurados que recebiam o benefício até a data foram perdidas.

¿ A não informação ou se deve à falha do sistema ou à fraude. Não há como saber o que é ¿ disse Machado.

O fato é que governo gasta R$ 13 bilhões por ano só com o pagamento dos beneficiários que devem se recadastrar nesta primeira fase. Para cumprir a função de recolher as informações sobre os beneficiários do INSS, os bancos cobrarão R$ 7,50 por cadastro atualizado, ou R$ 18,75 milhões só nesta primeira fase. Para cumprir a segunda etapa, quando serão chamados outras 13 milhões de pessoas, serão pagos mais R$ 97,5 milhões.

Para fazer o recadastramento, os beneficiários devem apresentar aos bancos CPF e um documento de identidade, como RG, carteira de motorista ou profissional. O Ministério da Previdência informa ainda que é desejável a apresentação de comprovante de residência, título de eleitor e número de identificação de trabalho (PIS/Pasep/CIC). O cancelamento do benefício só ocorrerá se o segurado não responder em seis meses. Se, porém, o beneficiário cumprir a exigência, volta a receber o benefício. Para os segurados que quiserem saber se devem fazer o recastramento na primeira ou na segunda fase do censo, basta informar o número do benefício na página da Previdência na internet: .