Título: Bancos ganham peso no PIB
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 04/10/2005, Economia & Negócios, p. A18

O novo Produto Interno Bruto (PIB) vai dar empurrão na contagem da riqueza dos bancos e do governo. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calculará o volume das transações financeiras e incluirá o cálculo nas Contas Nacionais. Pelo método atual, o PIB dos bancos tem base no crescimento médio da economia e não nos serviços bancários, incluindo juros, tarifas, entre outros produtos. Mais inerte ainda, a administração pública - até então calculada pelo crescimento da população - vai refletir indicadores mais encorpados, como anteciparam o JB e a Gazeta Mercantil. O IBGE admite que as mudanças nas contas do governo - que responde por 16% do PIB - vão tornar o resultado mais sensível e, este ano, tendem a elevar o crescimento.

- No caso da administração pública, podemos dizer que vai aumentar a variação - diz o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto.

O especialista pondera que o resultado final do crescimento econômico, entretanto, é imprevisível porque as mudanças no cálculo são muitas.

Olinto prefere deixar simulações do impacto da nova base no desempenho do PIB para os analistas. O IBGE promoverá, nas próximas semanas, seminário explicativo para o mercado, economistas e especialistas que fazem projeções regulares. A preocupação é prepará-los para que não haja surpresas.

- Eles conhecerão tudo, toda a metodologia - disse.

Peso-pesado da economia, a produção de petróleo sofreu ajustes que poderão reduzir seu impacto no PIB. Hoje, o setor é calculado com base no valor das importações do óleo, com cotações mais altas do que realmente custa o petróleo nacional. Como no passado o Brasil importava a maior parte do petróleo que consumia, essa regra funcionava. Mas agora que o país virou exportador de gasolina e está prestes a alcançar a auto-suficiência, o IBGE vai usar um preço menor, mais compatível com o óleo pesado brasileiro.

Algumas mudanças serão menos expressivas no resultado final do PIB, mas em compensação darão mais transparência à economia. Os investimentos, que até então eram visualizados pela produção de bens de capital, poderão ser vistos sob a ótica da demanda com detalhes. Ou seja, as informações passam a vir das empresas que compram as máquinas e não só das que produzem.

A economia clandestina, que já é incluída mas não aparece nas contas, agora passa a ser detalhada. O IBGE vai divulgar o PIB das empresas e dos negócios ilegais - a exemplo de sonegadores, traficantes de drogas etc. - em vez de incluí-los na classificação de trabalho informal, pela qual são chamados de conta-própria. A economia não observada pelo IBGE equivale a cerca de 12% do PIB, como já informara uma pesquisa anterior.

- Não será um tsunami na economia - avisa Olinto.