Título: Terremoto no Paquistão mata 3 mil
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/10/2005, Internacional, p. A9
Um terremoto de 7,6 graus na escala Richter (máximo 9) deixou pelo menos 3 mil mortos ontem no Sul da Ásia. Os países mais atingidos foram Índia, Afeganistão e Paquistão - este sofreu os maiores estragos. Os tremores causaram deslizamentos de terra e chegaram a derrubar um prédio residencial na capital, Islamabad. Uma escola ficou destruída, matando 250 meninas soterradas na Caxemira paquistanesa, onde se localizou o epicentro do fenômeno. Outras 500 ficaram feridas.
O primeiro tremor foi registrado às 8h50. Durante quatro horas ocorreram 17 réplicas, muitas com intensidade superior a 6 graus, sentidas no Norte do Paquistão, Nordeste do Afeganistão e Noroeste da Índia, região da Caxemira. O pânico foi generalizado. A comunicação foi cortada em várias áreas.
O trabalho de resgate ficou prejudicado pela forte chuva que caiu no início da noite, e o número de vítimas não pára de crescer. O presidente paquistanês, general Pervez Musharraf, disponibilizou todo o serviço militar para o resgate e pediu que a população fique calma.
- É uma tragédia nacional sem precedentes - afirmou o general Shaukat Sultan, porta-voz das Forças Armadas paquistanesas. - Haverá provavelmente vários milhares de mortos somente na província de Caxemira - acrescentou.
- A devastação é total em diversas áreas - declarou o chefe da polícia para a região, Riffat Pasha.
Mais de 1.700 pessoas são dadas como mortas na província da Fronteira Noroeste, sobretudo nos arredores da cidade de Mansehra, 50 km ao Norte de Islamabad. A região teve 90% das casas destruídas. O comerciante Haji Fazal Ilahi, que fazia vigília ao lado do corpo da filha de 14 anos, perdeu toda a família:
- Vi pedras e casas caindo nas montanhas. Quando cheguei, não restava nada da minha casa - contou.
Em Muzaffarabad, a capital da Caxemira sob administração paquistanesa, pelo menos 250 pessoas morreram.
- Essa é uma estimativa otimista. O número de mortos pode ser muito maior - afirmou Mohamed Anwar, representante do governo.
Entre as vítimas da região montanhosa, há 200 soldados, informou o Exército. Helicópteros foram enviados às áreas isoladas, onde os socorristas terrestres vão demorar dias para chegar, segundo os especialistas.
Na capital, o desmoronamento do prédio matou pelo menos 10 pessoas, entre elas dois japoneses e um diplomata egípcio, e 126 ficaram feridas.
- Por um tempo não se podia ver nada devido à fumaça que tomou conta dos escombros. Depois, começamos a procurar sobreviventes - contou Rehmatullah, vizinho do prédio. - Tivemos que cortar as pernas de um homem para resgatá-lo. Parecia o inferno.
Na Caxemira indiana, cerca de 300 pessoas morreram e outras 800 ficaram feridas. Entre as vítimas, estão 36 soldados indianos mortos na Linha de Controle, que separa as áreas do Paquistão e da Índia.
Os tremores no país destruíram 2,7 mil construções no estado de Jammu-e-Caxemira. A maioria das mortes ocorreu nas cidades de fronteira de Uri, Tangdar, Punch e Srinagar.
O governo indiano prestou condolências e ofereceu assistência ao Paquistão, país rival.
No Afeganistão, também há várias vítimas. Mas como as áreas atingidas são distantes de Cabul e de difícil acesso, no extremo Nordeste do país, as autoridades ainda puderam fazer uma contagem.