Título: Parceria para impedir exploração
Autor: Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 09/10/2005, Rio, p. A25

Uma força-tarefa, que vai reunir os poderes da polícia e da Justiça, deverá impedir a exploração do trabalho de crianças e adolescentes nos sinais de trânsito da Zona Oeste. A ação está sendo traçada por promotores da região. Eles vão criar um calendário para os recolhimentos de menores em situação de risco e dos adolescentes infratores. Segundo o promotor Romero Lyra, da 18ª Promotoria de Investigação da Barra da Tijuca, inicialmente as operações de recolhimento deverão ser mantidas por 120 dias. Um mapeamento dos meninos nos sinais vai ajudar no trabalho das autoridades. Segundo Romero Lyra, para participar das operações, serão convocadas as polícias Civil e Militar, a Guarda Municipal e as secretárias de Ação Social do município e do estado. A estratégia foi traçada durante uma reunião dos promotores com o vereador Nadinho do Rio das Pedras, presidente da CPI que investiga a presença das crianças e adolescentes nos sinais e algumas ONGs.

- A criança não tem o direito de ficar na rua. Ela tem o direito de ir à escola, ao lazer e à alimentação - diz Lyra.

Segundo Nadinho, depois de ser cumprido o calendário de recolhimento, ele vai propor ao MP ações para responsabilizar o estado, o município e às familias das crianças que estão sendo exploradas nas ruas. No relatório feito por ele, os menores disseram que não se dispõem a sair das ruas.

- Não adianta retirar estas crianças dos sinais se nenhuma alternativa for criada para que elas possam sobreviver - alerta a defensora Simone Moreira.

O levantamento da CPI também mostrou que em todos os sinais existem ambulantes adultos e que eles competem com as crianças na hora da venda.

- Nos fins de semana, não podemos levar os nossos filhos para trabalhar. Os meninos mais velhos e que estão há mais tempo nos sinais batem nos pequenos - conta a mãe de três crianças, que não quis se identificar.

O promotor Romero Lyra disse que os menores infratores trabalham ao lado das crianças que são exploradas nos sinais. De acordo com o promotor, até bebês são levados para os sinais da Barra.

- Os bebês são usados como ferramenta para obter dinheiro - observa Lyra.

Segundo o promotor, as investigações do Ministério Público também mostram que há uma máfia da exploração por pontos dos sinais.

- Além da investigação criminal, dependemos do esforço conjunto das autoridades para resolvermos os problemas sociais.