Título: Nem palácio do vice escapa dos poços
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 09/10/2005, Brasília, p. D4

O mau uso dos recursos hídricos quase destruiu uma das lagoas mais famosas do Planalto Central: a Jaburu. Localizada no quintal da residência oficial do vice-presidente José Alencar (PMR - MG), a lagoa perdeu cerca de 90% de seu volume. A causa apontada pela geóloga Letícia Lemos de Moraes em dissertação de mestrado na UnB é a captação de água por poços artesianos no resort Academia de Tênis de Brasília, próximo do Palácio do Jaburu. Os poços artesianos da Academia foram lacrados pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). Além da desativação dos poços, a área ao redor deles foi recuperada. A invasão próxima do resort foi desocupada para evitar exploração indevida dos lençóis freáticos.

A lagoa do Jaburu foi totalmente recuperada. A Caesb bombeou água do Lago Paranoá para o reservatório e impermeabilizou a barragem da lagoa. A recuperação era necessária, mas teria sido dispensada caso os aquíferos tivessem sido corretamente preservados.

- É sempre bom quando se recupera uma lagoa, mas é preciso cuidar corretamente dos aquíferos também - pondera o presidente da Caesb, Fernando Leite.

Desde o tamponamento dos poços, a Subsecretaria de Recursos Hídricos verifica o nível de água da lagoa do Jaburu. Até agora, nenhum aumento do volume foi verificado.

- Vamos esperar a época das chuvas para analisar as possíveis mudanças - afirma o subsecretário Pedro Celso Antonieto.

Além do volume do reservatório, a qualidade da água também vem sendo monitorada. Fernando Leite garante que a água da lagoa é de ótima qualidade.

Outro reservatório em situação semelhante ao do Jaburu é a lagoa do Pato Selvagem, no município de Cocalzinho (GO). Ao observar imagens de satélite de 1986, Letícia verificou que a lagoa sofreu um rebaixamento ao longo dos anos.

- Essa área tem forte incidência de poços, mas o clima também é fator forte no rebaixamento - explica a geóloga.