Título: Paquistão pede ajuda ao mundo
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Fonte: Jornal do Brasil, 10/10/2005, Internacional, p. A7

O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, fez ontem um apelo por ajuda internacional após o violento terremoto que abalou o Sul da Ásia e deixou mais de 19 mil mortos apenas no Paquistão. As estimativas do governo são de 30 mil vítimas. Os serviços de emergência do país continuam a buscar sobreviventes da tragédia.

- Temos meios humanos suficientes, mas precisamos de ajuda financeira para fazer frente à tragédia - declarou o general Musharraf. - Precisamos também de medicamentos e helicópteros para chegar às regiões isoladas - acrescentou.

O país foi atingido por 45 réplicas do terremoto de sábado, de intensidade 7,6 na Escala Richter, em menos de 24 horas. A última ocorreu ontem às 14h e teve intensidade de 6 graus na Escala Richter, segundo o diretor do departamento de meteorologia de Islamabad, Qamaruz Zaman.

A tragédia deixou 19.136 mortos e 42.397 feridos, informou, na tarde de ontem, o ministro do Interior, Aftab Sherpao, que anunciou três dias de luto nacional.

- O horror da situação vai além da compreensão - afirmou Sherpao.

Segundo o ministro, a Caxemira paquistanesa, zona mais afetada pelo terremoto, teve pelo menos 17.388 mortos e 40.421 feridos. Entre as vítimas, cerca de 11 mil morreram na capital Muzaffarabad e seus arredores.

- Mais da metade de uma população de 2,4 milhões de habitantes foi afetada pelo terremoto - afirmou o ministro paquistanês para a Caxemira, Faisal Saleh Hayat.

- Inúmeras regiões e várias cidades foram riscadas do mapa, em particular o município de Balakot (província da Fronteira Noroeste) - avaliou o general Shaukat Sultan, porta-voz das Forças Armadas.

A região montanhosa de Hindu Kuch, também na província, ficou devastada. O número de mortos é superior a 1.760. As autoridades contaram 1.797 feridos.

- A quantidade de mortos aumenta de hora em hora - ressaltou o ministro.

Parentes e amigos dos residentes do prédio Margala, que desmoronou em Islamabad, aguardavam notícias do resgate. O presidente Musharraf declarou que 80 pessoas sobreviveram e 35 corpos foram retirados dos escombros, mas 150 cidadãos ainda estavam soterrados.

O embaixador do Brasil no Paquistão, Luiz Otávio Sampaio, informou que os 30 brasileiros registrados como residentes no país estão bem.

Na Caxemira indiana, vizinha ao Paquistão, o terremoto matou 600 pessoas e deixou mil feridos, segundo um representante do governo. A principal ponte que une a Caxemira caiu.

No leste do Afeganistão, o terremoto também deixou um número até agora indeterminado de mortos, mas significativamente inferior ao das demais regiões afetadas. As montanhas de Tora Bora, Leste do país, também foram atingidas. A área é onde os Estados Unidos acreditam que Osama bin Laden está escondido. Segundo um comandante americano, a hipótese de Bin Laden ter morrido ou ficado ferido não está descartada.

Inúmeros países e organizações já disponibilizaram ajuda. As equipes de socorro receberam militares franceses, britânicos, japoneses, sul-coreanos, chineses, turcos, gregos, suíços e russos.

O presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, anunciou ontem, em Tóquio, a doação de US$ 20 milhões. A União Européia (UE), por sua vez, doou US$ 4,3 milhões, e a China, US$ 6,2 milhões em dinheiro e suprimentos.

Já o presidente americano, George Bush, informou que os EUA ''começaram a enviar dinheiro, equipamentos e outros mantimentos'' ao Paquistão.

Entre os países solidários estão também Arábia Saudita, Afeganistão e Israel, que apesar de não manterem relações diplomáticas com o Paquistão muçulmano ofereceram ajuda.

A Unicef enviou roupas, cobertores, medicamentos e alimentos para bebês, além de equipes especializadas na avaliação de danos. No total, US$ 100 mil foram disponibilizados para a organização.

Já a Cruz Vermelha doou US$ 156 mil e enviou uma equipe de socorro à Caxemira.

O Papa Bento XVI manifestou ''profunda tristeza'':

- Eu confio todos os que estão mortos ao amor de Deus e meus pensamentos os mais carinhosos estão com os milhares de feridos e aos que perderam seus próximos.