Valor Econômico, v. 20, n. 4901, 14/08/2019. Política, p. A14
 

Partidos escolhem líderes de bancadas
 Raphael Di Cunto
 Marcelo Ribeiro 

 

A temporada de disputa pelas lideranças partidárias na Câmara dos Deputados ganhou corpo antes mesmo do fim do ano legislativo. Diversas legendas já definiram quem serão seus representantes nos colégios de líderes e outras ainda estão em processo negociado de decisão. As exceções são o PSL e o PSDB, que racharam publicamente.

Quem exerce a liderança é responsável por negociar os projetos que serão votados, a liberação de emendas parlamentares e espaços em comissões e outros colegiados do Legislativo.

 

A tendência é que, das maiores siglas, apenas PP, PL, MDB e Republicanos mantenham seus atuais líderes. São os mesmos quatro partidos que mais se movimentam para disputar a presidência da Câmara em 2021, quando Rodrigo Maia (DEM-RJ) não poderá concorrer à reeleição. As siglas, todas do chamado “Centrão”, estão na base de apoio de Maia.

Atual líder do PP, Arthur Lira (AL) deve ser reconduzido em fevereiro. O deputado Aguinaldo Ribeiro (PB) é outro parlamentar do PP capaz de arregimentar os votos na bancada da sigla e pode tentar suceder a Maia. Atualmente, ele é líder da maioria na Casa.

Presidente nacional do MDB, o deputado Baleia Rossi também é líder da sigla na Câmara. Foi reeleito na semana passada. O PL reelegeu Wellington Roberto (PB), enquanto Jhonatan de Jesus (RR) é o líder do Republicanos.

O líder do DEM, Elmar Nascimento (BA), deve deixar a função. No partido, há um acordo de rodízio e a eleição será amanhã. Deve ser substituído por Efraim Filho (PB) ou Alexandre Leite (SP).

Outros partidos também trocarão de líder. Diego Andrade (MG) assumirá no PSD. Na oposição, Paulo Pimenta (RS) deixará o comando da bancada do PT e será substituído por Ênio Verri (PR), da corrente majoritária do partido. PSB e PDT ainda não definiram quem assumirá a função em 2020. Nada, contudo, do tamanho da briga no PSL e no PSDB.

Os tucanos vivem uma divisão entre os grupos de Aécio Neves (MG), que apoia Celso Sabino (PA), e o do governador de São Paulo, João Doria, que faz campanha por Beto Pereira (MS). Com a disputa em 16 votos a 16, Beto venceria a eleição na terça-feira passada, no desempate pela idade - é quatro meses mais velho. Mas um de seus apoiadores era um  suplente que deixou o cargo na sexta-feira com a volta do titular e, tão logo isso ocorreu, Sabino protocolou uma nova lista e fez-se líder.

A guerra de listas de apoio também ocorre no antigo partido do presidente Jair Bolsonaro, que ainda abriga a maioria de seus aliados. Desde que ele rompeu para fundar sua nova sigla, o Aliança pelo Brasil, seu grupo alçou à liderança um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP). Já o presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), tenta fazer Joice Hasselmann (SP) a líder. Para isso, suspendeu os adversários. Ela assumiu a função, mas a suspensão caiu por uma liminar da Justiça e o cargo pode trocar de mãos novamente nos próximos dias.

Além de diversas responsabilidades regimentais, como orientar sua bancada e conduzi-la em votações no plenário e eventualmente em comissões, o líder acaba tendo grande protagonismo político dentro da Câmara dos Deputados como nas relações com outros Poderes. Por isso acaba sendo um cargo que garante destaque tanto na articulação política com o  Executivo quanto para os pré-candidatos a presidente da própria Casa.