Valor Econômico, v. 20, n. 4904, 19/12/2019. Política, p. A14
 

Senador do PSD demite assessor acusado de caixa 2
 Rodrigo Carro


 

Citado em delação premiada do empresário Daniel Gomes da Silva, Robson dos Santos França foi exonerado ontem do cargo de assistente parlamentar do senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ). Robinho - como Robson é conhecido - teria solicitado e recebido R$ 115 mil de Gomes da Silva para financiar a campanha de segundo turno do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). A denúncia contra o titular do Palácio Guanabara foi veiculada pelo site “O Antagonista” e pela versão online da revista “Veja”.

Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, Witzel optou por não comentar o tema. O empresário Daniel Gomes da Silva foi um dos colaboradores na sétima fase da Operação Calvário, da Polícia Federal, que apura desvio de recursos nas áreas de saúde e educação no Estado da Paraíba.

Robson exercia o cargo de assistente parlamentar júnior no escritório de apoio que o senador Arolde de Oliveira mantém no Rio de Janeiro. De acordo com informações que constam do site do Senado Federal, Robson assumiu este ano o cargo comissionado com remuneração bruta de R$ 11.471,87. Descontados o Imposto de Renda e a contribuição para o INSS, o valor líquido era de R$ 8.772,92.

Em nota, o senador Arolde de Oliveira se disse “perplexo” e “surpreso” com as informações veiculadas pela imprensa sobre o suposto repasse de caixa dois a Witzel. O senador afirma que Robson não trabalhava para ele em outubro de 2018. Justamente nessa época, dias após o primeiro turno das eleições, é que o assistente parlamentar teria pedido e recebido a contribuição de R$ 115 mil, sustenta o senador do PSD no texto.

“Pelo que pude apurar [ele] estava na Prefeitura do Rio de Janeiro entre maio de 2017 e fevereiro de 2019”, sustenta Oliveira na nota. De fato, Robson foi nomeado para trabalhar como assessor na Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU), na gestão do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), a partir de 19 de abril de 2017, segundo consta de resolução publicada no “Diário Oficial” carioca.

Oliveira conta que em março deste ano foi procurado por Robson, que estaria “buscando uma recolocação profissional”. O senador eleito pelo Rio de Janeiro admite ainda que Robson já havia trabalhado anteriormente para ele em função similar à exercida até ontem.

Nascido no Rio de Janeiro, em 1961, Robson concorreu pelo PSC a uma vaga na câmara de vereadores da capital nas eleições de 2016. Terminou o pleito com apenas 3.807 votos, mas ainda assim garantiu uma vaga como suplente. Naquele ano, o vereador mais votado foi outro nome do PSC, Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República, Jair Bolsonaro, o que atraiu votos para a legenda.