Título: Alívio para família de vítima da ditadura
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 11/10/2005, País, p. A7

Depois de 34 anos, parente recebe restos mortais de Flávio Carvalho Molina, executado durante o regime militar

SÃO PAULO - Quase 34 anos depois, os restos mortais Flávio Carvalho Molina, assassinado durante a ditadura militar, foram entregues à família. Em uma cerimônia no auditório da Procuradoria da República, o irmão de Flávio, Gilberto Molina, recebeu a urna. Flávio, que morreu torturado em uma sala do Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações -Centro de Operações de Defesa Interna), quando tinha 24 anos, em novembro de 1971, foi homenageado com um minuto de silêncio, seguido da leitura de um poema e da execução do Hino Nacional.

- Depois de tantos anos, poder prestar essa última homenagem traz um sentimento de alívio à nossa família - desabafou Gilberto Molina.

Molina, que é vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais, contou que a família sofreu muito com o desaparecimento de Flávio. Só oito anos mais tarde, através de testes de DNA, surgiu a informação de que ele foi torturado até a morte e enterrado com o nome falso de Álvaro Lopes Peralta.

Oficialmente, o governo havia informado que ele fora assassinado. O corpo da vítima foi enterrado clandestinamente numa vala coletiva no cemitério de Perus, na zona oeste da cidade de São Paulo.

Gilberto e Flávio participavam do Movimento de Libertação Popular (Molipo) que pregava o ideal de liberdade e se opunha ao governo militar. Entre os ex-militantes da Molipo está o ex-ministro da Casa Civil, deputado federal (PT-SP), José Dirceu. Ele compareceu ontem à solenidade de entrega dos restos mortais de Flávio, mas não quis fazer declarações.

A urna foi levada para a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde será realizada nova cerimônia. O sepultamento está marcado para às 11h de hoje, no cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo.