Valor Econômico, v. 20, n. 4904, 19/12/2019. Política, p. A15
 

PSDB para tentar acordo entre grupos
 Raphael Di Cunto
 Marcelo Ribeiro

 

Diante da divisão entre os grupos do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e do deputado Aécio Neves (PSDB-MG) pelo controle da liderança do PSDB na Câmara, o deputado Carlos Sampaio (SP) retornou ontem à liderança da sigla para tentar um acordo entre os grupos que possibilite uma transição mais tranquila. Ele ficará até fevereiro.

A bancada está rachada por causa da disputa entre Beto Pereira (MS), apoiado por Doria, e Celso Sabino (PA), que tem Aécio como principal cabo eleitoral. Ambos querem o cargo de líder do partido na Câmara, responsável por negociar em nome da legenda e orientar as votações. A eleição ocorreria na terça-feira, mas o grupo de Sabino abandonou a reunião.

Sabino perderia a eleição no critério de desempate - Pereira é quatro meses mais velho -, mas esperou a saída de um suplente que apoiava seu adversário para protocolar uma lista com apoio da maioria dos 31 deputados do PSDB. Doria, então, negociou o afastamento de dois deputados de outros partidos para que os suplentes assumissem e, com isso, votassem em seu candidato. Um dos suplentes nem do PSDB e se filiou à sigla só para votar.

A pedido do presidente do PSDB, Bruno Araújo, o grupo de Pereira desistiu de indicar o líder neste momento e indicou novamente Sampaio ao cargo para buscar um armistício. “Fizemos esse gesto para que ele [Carlos Sampaio] possa construir uma alternativa”, disse Pereira. “Foi justamente para não aumentar a animosidade. Ainda não existe acordo, esse  é um gesto para que exista uma possibilidade de acordo”, comentou.

Em nota, Sampaio disse que assume “com a missão de promover uma transição pacífica, seja na disputa democrática entre os atuais pretendentes ou na escolha majoritária da bancada por um terceiro nome”. Ele afirmou ser contra a reeleição no cargo e prometeu ficar só até fevereiro para buscar o entendimento entre os grupos. Com isso, a resolução da briga será adiada para pelo menos janeiro. O Congresso sai de recesso esta semana e só voltará no dia 3 de fevereiro.

Outra disputa pela liderança de um partido na Câmara se encaminhou ontem para resolução. O deputado Alessandro Molon (RJ) apresentou o apoio da maioria dos parlamentares do PSB, mas o martelo não foi batido em reunião ontem porque ele ainda tentará um acordo para que Danilo Cabral (PE) desista de disputar contra ele e aja consenso.