Título: O sonho de ajudar a avó
Autor: Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 11/10/2005, Rio, p. A15
Sem meios para comprar bolinhas, R., 13 anos, improvisava com limões e fazia as acrobacias, que aprendeu sozinho, para ''arrumar dinheiro nos sinais'', como ele mesmo diz. Antes de trabalhar como malabarista nas ruas de Copacabana, o menino vendia doces em Cascadura, na Zona Norte, onde foi atropelado por um carro. O trabalho precoce de R. começou aos 10 anos. Nas ruas, ele também roubava, cheirava cola e sonhava ter uma casa. Há um ano, desde que foi acolhido na Casa Betânia, da Remer, o menino não está nos sinais. A vida de R. nas ruas começou depois que a mãe dele morreu de um problema no pulmão. O menino foi morar com as duas irmãs na casa da avó materna, em Bangu. Segundo ele, o seu pai está desaparecido.
- O meu tio bebia e quebrava as coisas. Por isso, fui morar na rua. Com o dinheiro que ganhava comparava cola, mas, às vezes, também dava para minha avó. Ela comprava arroz, feijão, fubá e até dois quilos de carne - conta R.
O adolescente, que confessa já ter roubado uma loja de roupas e outra de computador, passava os dias nas ruas.
- À noite, eu dormia nos ônibus que rodam 24 horas - lembra R.
Hoje, na casa-lar, R. está feliz. Tem uma cama, comida, roupas e estuda. Nas horas vagas, o menino faz bijuterias e vende para a vizinhança.
- Meu sonho é ajudar a minha avó. Ela mora numa casa muito pobre e falta até comida. Quero ser gari ou pedreiro - planeja o menino.