Título: Derrapada na GM
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Fonte: Jornal do Brasil, 11/10/2005, Economia, p. A19

Concordata da Delphi derruba ações da maior indústria automobilística do mundo. Analistas temem que siga rota da ex-subsidiária

O pedido de concordata da gigante de autopeças Delphi, anunciado no fim de semana, tornou-se mais um peso sobre a já debilitada situação financeira da General Motors, sua controladora até 1999 e atualmente sua principal cliente. O temor de que a líder do setor automotivo assuma um débito de US$ 11 bilhões, relativo a dívidas trabalhistas e do fundo de pensão da antiga subsidiária, derrubou em 9,93% a cotação de suas ações na Bolsa de Nova York, puxando para baixo os principaís índices americanos. Especialistas estimam que a decisão da fornecedora eleva as chances de a GM seguir o mesmo caminho. A Delphi fazia parte da GM até 1999, quando se tornou uma empresa independente. Ao anunciar a concordata, ficou mais protegida contra possíveis ações judiciais a serem movidas por credores. O débito seria relativo ao período em que funcionários da fabricante de autopeças faziam parte da GM, que, agora, será obrigada a arcar com o passivo.

Mergulhada em uma crise profunda devido à queda na venda de veículos ¿ com perda de mercado para as montadoras asiáticas e a alta da gasolina, além do crescente desinteresse dos americanos pelos utilitários ¿ a GM reduziu drasticamente as encomendas à Delphi no primeiro semestre, deixando a fornecedora em dificuldades financeiras.

Com a conta apresentada pela Delphi, cresce em 30% a chance de a GM também ser obrigada a pedir concordata, diz o analista Rod Tradross, do Bank of America. Para a GM, a situação é ¿mais que problemática¿, diz a economista Diane Swonk, do Mesirow Financial, consultoria de Chicago.

A GM registrou prejuízo de US$ 1,38 bilhão no primeiro semestre. Sua fatia de mercado na América do Norte caiu de 26,3% para 25,2% em 12 meses, enquanto Toyota, Nissan e Hyundai ganharam mercado.

A Delphi emprega 185 mil pessoas, das quais 52.300 trabalham nas 31 fábricas nos EUA. O prejuízo acumulado em seis trimestres foi de US$ 5,5 bilhões. A empresa tem ativos totais calculados em US$ 17,1 bilhões, dívidas de US$ 22,2 bilhões e uma linha de crédito de US$ 4,5 bilhões.

A queda das ações da GM arrastou todo o setor automobilístico. Os papéis da Ford recuaram 3,5% e os da Chrysler, 2,8%. O índice Dow Jones caiu 0,52%; o Standard & Poor´s 500, 0,72%; e o Nasdaq, 0,55%.

Com agências internacionais