Valor Econômico, v. 20, n. 4906, 20/12/2019. Empresas, p. B4
 

Que tipo de profissional vai ser mais procurado no ano que vem
 Barbara Bigarelli

 


Profissionais que ajudem a desenvolver a experiência com o cliente, gerentes de projetos de automação, programadores e executivos para liderar a frente de transformação digital ou os esforços de adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Essas funções aparecem entre as mais buscadas pelas empresas brasileiras para 2020, segundo estudo realizado em 14 setores pelo Page Group (grupo de recrutamento que inclui Michael Page, Page Personel e Page PCD).

O estudo indica 38 profissões e, entre elas, há posições ligadas à expectativa do mercado com a retomada da economia. Entram aí CFOs, analistas contábeis, gerentes de fusões e aquisições e diretores comerciais. “Nos últimos anos, em decorrência da crise, as empresas ficaram extremamente enxutas. Uniram diretorias, extinguiram camadas, demitiram coordenadores. Agora, elas precisam voltar a contratar para estruturar a base que as fará crescer”, afirma Ricardo Basaglia, diretor geral do PageGroup.

Ele não revela a mostra total de companhias que o grupo atende no Brasil, mas diz que 90% das contratações que ajudou a realizar entre 2015 e 2016 foram vagas de substituição do quadro, para a empresa ser mais eficiente operacionalmente. Apenas 10%, portanto, foram para posições de expansão. Nessa virada para 2020, diz Basaglia, o percentual de vagas para expansão saltou para 45%. O perfil do profissional buscado, porém, mudou substancialmente de 2015 para cá.

O gestor de vendas buscado atualmente pelas organizações, segundo o PageGroup, é aquele com sólida capacidade analítica e de gestão de pessoas e com flexibilidade para atuar em cenários de rápidas mudanças. O de marketing, por exemplo, é muito mais estatístico e matemático. “Há uma demanda alta por funções técnicas e gerais relacionadas a transformação digital. Se antes buscar esse profissional era diferencial, agora se tornou condição básica”, diz Basaglia.

A lista das 38 profissões indica que a área bancária, por exemplo, está em busca de product owner - executivos focados em “produto”, ou seja, que repensem a experiência oferecida em vários canais, especialmente os digitais. Já na área de TI, no nível da alta liderança, aparece a maior urgência por DPOs (Data Protection Officer), em função de uma  preocupação crescente das empresas com cibersegurança e das exigências da LGPD, que entra em vigor em agosto de 2020.

Responsável pela administração dos dados da organização, o DPO será o interlocutor com o órgão regulatório. Ainda na área de TI, há a demanda por gerente de programa, responsável por conduzir projetos de automação robótica de processos visando o aumento da produtividade. O salário base desse profissional varia de R$ 19 mil a R$ 25 mil.

Na área de Recursos Humanos, há a busca por especialistas em aquisição de talentos - e, de preferência, daqueles com experiência em empresas de tecnologia ou startups. Atrair ou formar, por exemplo, programadores é um desafio enfrentado por diversas companhias em vários níveis e frentes. Na lista do PageGroup, o cargo aparece com salário de R$ 4 mil a R$ 12 mil, dependendo do conhecimento e experiência.

O estudo também prevê o retorno de algumas funções na indústria, cortadas nos últimos anos em decorrência dos cortes pesados e crise no setor. O cargo apontado é o de diretor industrial, que faz a gestão dos líderes do processo fabril e possui salário de R$ 18 mil a R$ 30 mil.

No segmento de Óleo e Gás, a busca por geofísico, geólogo de exploração e gerente de desenvolvimento de negócios reflete, segundo Basaglia, uma leve retomada de projetos motivada, sobretudo, pelo aumento dos leilões de blocos promovidos pela Petrobras.