Título: O tapa-buraco que virou bóia de salvação
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 12/10/2005, País, p. A4

SÃO PAULO - Candidato acidental, o novo presidente do PT, Ricardo Berzoini, há pouco mais de um mês não era sequer mencionado para a disputa da presidência nacional do partido. O deputado federal substituiu Tarso Genro, presidente em exercício e nome natural para a disputa, que não se lançou candidato por discordar de decisões da cúpula do sigla.

Apesar de não possuir um histórico político consistente, foi indicado para dois ministérios do governo Lula, Trabalho e Previdência. À frente do último, protagonizou um episódio que o marcou perante a opinião pública: determinou que os aposentados com mais de 90 anos comparecessem aos postos de atendimentos da Previdência para fazer um recadastramento. Os mais idosos se locomoveram com dificuldade até os locais indicados e o incidente valeu ao petista a criação do ''Troféu Berzoini de Crueldade'' concedido simbolicamente pelo PFL.

Prestigiado pelo presidente, mesmo após o episódio dos velhinhos nas filas, Berzoini permaneceu no governo na primeira reforma ministerial de Lula, em janeiro de 2004, mas trocou a Previdência pela pasta do Trabalho, onde ficou até junho deste ano.

Próximo ao governo e integrante do Campo Majoritário, o novo presidente do PT, sofreu oposição aberta de praticamente todas correntes da sigla, por representar, de acordo com elas, a permanência do núcleo dirigente duramente afetado por denúncias de corrupção.

Berzoini é funcionário licenciado do Banco do Brasil, e tem a simpatia dos bancários porque iniciou sua vida política atuando no sindicato de São Paulo, presidido por ele de 1994 a 1998. O grande incentivador de Berzoini no PT é Luiz Gushiken. O atual secretário de comunicação do governo também esteve a frente do sindicato dos bancários, que representa parte expressiva da base eleitoral dos dois petistas. Em 1998, Berzoini se candidatou e foi eleito deputado federal pela primeira vez.

O novo presidente ocupava o posto de secretário-geral do PT, cargo que herdou em meio às denúncias de corrupção que derrubaram o ex-secretário Sílvio Pereira.