Título: Morre legista do caso Celso Daniel
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 13/10/2005, País, p. A3
A Polícia encontrou ontem o corpo do perito Carlos Delmonte Printes, um dos legistas que participaram das investigações do assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André. Printes estava em seu escritório, na Zona Sul de São Paulo. Esta foi a sétima morte relacionada ao caso. Ao fazer o laudo do caso Celso Daniel, Printes afirmou que o político havia sido torturado, indo de encontro às conclusões oficiais. Apesar de não identificar sinais de assassinato, a polícia registrou a morte do legista como ''suspeita'', já que foi encontrada no local uma longa carta em que o perito pedia providências à família em caso de morte. Ele dava diversas instruções aos parentes sobre questões bancárias e a forma como gostaria que seu enterro fosse feito.
O corpo foi encontrado pelo filho do perito, Guilherme. Chegou a ser divulgada a versão de que ele havia sido assassinado com um tiro na cabeça. À noite, ao deixar o escritório, entretanto, o diretor do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Domingos Paulo Neto, afirmou que a morte natural era mais provável.
Segundo o delegado, parentes de Printes revelaram que o legista se queixava de uma forte gripe há dois meses. Para o policial, o quadro teria evoluído para inflamação no miocárdio (coração), o que teria causado sua morte.
- Não é um caso de assassinato. Não é homicídio. Ele estava inicialmente com um quadro gripal que evoluiu para uma pneumonia e acabou em miocardite, ou seja, uma inflamação que pode ter levado ele à morte - afirmou o delegado.
Quando analisou o corpo do ex-prefeito de Santo André, Printes foi o primeiro a confirmar que o político foi torturado. Em decorrência disso, ele disse ter sido ''censurado'' durante três anos. Para ele, era inverossímil a tese de crime comum, idéia ainda sustentada atualmente integrantes do PT, partido ao qual Celso Daniel pertencia.
O inquérito policial concluiu que o assassinato de Celso Daniel não foi um crime político nem administrativo, mas seqüestro ou extorsão seguido de morte. No entanto, há suspeitas de que a morte do ex-prefeito estaria relacionada a suposto esquema de corrupção montado na cidade que ele dirigia.
A polêmica fez a polícia reabrir o caso em agosto. A CPI dos Bingos também iniciou investigação. Os dois irmãos do prefeito morto, Bruno e João Francisco Daniel, foram ouvidos no Senado. Eles envolvem o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, e o ex-chefe da Casa Civil, deputado José Dirceu no suposto esquema de propina. Os acusados negam. No dia 26, os parentes de Celso Daniel ficarão frente a frente com Gilberto Carvalho no banco da CPI dos Bingos.